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Livro de 40 anos da ASBEA

Em dezembro passado a ASBEA Nacional lançou o livro de 40 anos da Entidade. Coloque a foto do livro (você o consegue no site da asbea nacional).

A retirada de exemplares cortesia será de responsabilidade dos escritórios associados. Para tanto, quem desejar obter exemplar de cortesia, deverá fazer tal solicitação a partir da segunda-feira, dia 6 de janeiro, através do e-mail secretaria@asbea.org.br. Será necessário depósito à ASBEA Nacional de valor correspondente ao envio do livro através dos Correios.

Por favor, parem de culpar os arquitetos!

 

Se as discussões recentemente travadas na Batalha de Ideias servem com indicação, parece que nós, arquitetos, estamos vivendo uma certa crise de confiança.

Nenhuma nova visão utópica foi apresentada nos últimos 30 anos, lamentou Theodore Dounas; todas essas inovações surgindo são apenas evidência, disse Pedro Bismarck e Alastair Donald, da temerosa relutância da arquitetura em enfrentar problemas complexos ou agir como um agente legítimo para a mudança em tudo; e depois tem o problema, manifestado por Rory Olcayto, de arquitetos sendo intimidados por seus clientes na execução de agendas questionáveis.

Essas interpretações – de arquitetos como mansos, cautelosos, respeitosos, com medo de responsabilidade – estão longe de ser o estereótipo do arquiteto como artista megalomaníaco. No entanto, dois artigos recentes castigam arquitetos justamente por isso: “Porque Abandonei a Profissão de Arquiteta” de Christine Outram e “The Fountainhead All Over Again” de Tudby Lance Hosey. Ambos criticam os egos fora do controle dos arquitetos, a falta de senso comum, e a falta de respeito pelas pessoas que seus projetos deveriam servir.

Então arquitetos são muito tímidos para afirmar sua experiência? Ou são inspirados em Roark, e têm o ego inflado ao ponto de “não darem ouvidos às pessoas”?

Na verdade ambos. E é aqui que está o problema.

 

 

A visão de Outram e Hosey é dirigida contra uma sub-seção especial de arquitetos: por um lado, o grupo que nós já chamamos aqui de “starchitects”, ou mais precisamente, os arquitetos de renome que muitas vezes são chamados para fornecer um “ícone”, ou mesmo para simplesmente provar, acima de qualquer suspeita, que a entidade financiadora do edifício “se preocupa com o bom projeto”. Por outro lado, geralmente são práticas relativamente anônimas e sobretudo grandes, que são adeptas a satisfazer os desejos de seus clientes comerciais – as práticas que fazem um mantra de altas proporções de espaços rentáveis e com baixos custos de construção.

No entanto, nem todos os arquitetos podem ser classificados nesses dois grupos – ou pelo menos muitos fazem o seu melhor para evitar cair na armadilha – e são essas pessoas desafortunadas que sofrem desta crise de confiança. São os humanistas que se recusam a apresentar o seu trabalho como um jogo puro de finanças, e não desejam reduzi-lo a alguma noção arbitrária de cultura para seu próprio bem.

Eles são os únicos que têm sido sugados para um ciclo vicioso da galinha-e-do-ovo, onde perder uma luta para manter relevância leva à uma crise de confiança, o que leva a soluções de projeto “dóceis”, que por sua vez levam a uma redução ainda maior de relevância. Qual crise veio primeiro: a confiança ou relevância? Como começou esse ciclo?

Penny Lewis, quando falou no debate Masterplanning the Future na Batalha de Ideias, ofereceu uma origem bastante convincente para este fenômeno: Michel Foucault. Em sua incessante busca durante os anos 1960 e 70 para descobrir as origens e os mecanismos de poder, as ideias do filósofo francês vieram permear toda nossa cultura, mudando para sempre o modo como nós pensamos em relação às pessoas que detém o poder. Nestas teorias o poder está nas mãos dos políticos (ou do guarda da prisão), e os arquitetos estão totalmente despreparados para lidar com eles.

 

 

Quando de repente se viram conscientes do poder que exercem e, ainda, totalmente inexperientes para lidar com ele – e com algumas das maiores falhas do modernismo ainda frescos em suas memórias – arquitetos recuaram frente a soluções ousadas, fortes e confiantes. O antídoto para seu poder era a participação comunitária, e quanto mais dela, melhor.

Essa atitude ainda corre nas veias da profissão, e enquanto se mantém como uma solução eficiente ao problema do poder, cada vez mais o público está vendo por trás dos panos; arquitetos estão fazendo pouca coisa além de moldar as propostas que as próprias comunidades estão concebendo, simplesmente aplicando uma camada de conhecimento técnico para fazer essas propostas possíveis – daí a luta da arquitetura para permanecer relevante.

Além do mais, essas batalhas pela confiança e relevância não são travadas exclusivamente nos interesses egoístas da profissão. Sem o fundo criativo dos arquitetos, estas propostas voltadas para a comunidade são limitadas em sua visão, apresentando versões camufladas de uma realidade já presente, ao invés de ideias para um futuro melhor – um pouco como a famosa piada de Henry Ford: “Se eu tivesse perguntado às pessoas o que elas queriam, teriam dito cavalos mais rápidos.”

Esta é a origem da cultura que tanto desapontou muitos ‘palestrantes’ na Batalha de Ideias. Arquitetos têm se apoiado em um canto onde a sua capacidade de propor novas ideias é mínima, o o medo de qualquer coisa que não tem automaticamente amplo apoio público é enorme, e ainda por cima de tudo isso, graças a um braço separado da profissão que não compartilha de suas preocupações humanistas, a percepção do público sobre os arquitetos permanece a do egoísta esotérico.

 

 

Como então estes arquitetos mudam seu destino? A primeira parte do processo é se separar das porções desagradáveis de sua própria profissão. Os comentários de ambos os artigos de Outram e Hosey evidenciam claramente que muitos arquitetos se preocupam bastante nas pessoas para quem estão projetando. Como é que então podem ser confundidos com outros tipos de arquitetos que claramente não o fazem? O conceito de uma profissão única que caminha para uma única direção é falsa e prejudicial.

Uma vez distintos dos membros “venenosos” da profissão, os arquitetos humanistas devem aceitar seu poder. Provavelmente muitos deles recusarão esta sugestão (é muitas vezes acreditado que a aceitação de poder é o primeiro passo para abusar dele); porém, é um passo crucial. Afinal, admitir que você tem um problema é o primeiro passo para lidar com ele, e uma crise de confiança não será resolvida com mansidão.

Finalmente, a parte mais importante do processo é a aprender. Os arquitetos devem aprender sobre o poder e como ele se manifesta em seus projetos. Eles devem aprender como exercer o poder de forma responsável. Isso vai ser difícil, Foucault construiu uma carreira inteira em torno de uma tentativa de compreender o poder, por isso é seguro dizer que os arquitetos não serão capazes de entender tudo isso da noite para o dia.

Felizmente, no entanto, há um precedente: por um breve período em torno dos anos 60, um certo tipo de arquiteto prosperou que tinha toda a confiança dos modernistas, mas um respeito maior ainda pelas pessoas para quem eles projetavam, e uma compreensão muito maior dos princípios humanistas. Figuras como Aldo van Eyck, Herman Hertzberger, Aldo Rossi, Carlo Scarpa e Bertrand Goldberg deveriam ser protótipos nos quais as próximas gerações de arquitetos deveriam se espelhar, assim que se livrarem da crise e adotarem uma nova (e com sorte, melhorada) era de arquitetura consciente e ainda sim confiante.

Sonho de ter uma casa em Maricá

Mercado de loteamentos está aquecido com os bairros planejados. Valorização de terrenos chega a 70% em menos de dois anos

Prisca Fontes

A grande quantidade de loteamentos em Maricá está rendendo ao local um novo apelido: a cidade fluminense dos bairros planejados. Além de belezas naturais e proximidade com as principais cidades do estado, como Niterói e o Rio de Janeiro, a região tem forte potencial para a implantação de novos bairros e empreendimentos, impulsionada pela proximidade do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj). De acordo com especialistas do setor, o investimento em um lote na cidade pode ter valorização de 70% em menos de dois anos.

Em geral, as construtoras são responsáveis pelas estruturas do empreendimento como a portaria, o clube e praças, e os clientes adquirem um lote e constroem suas casas dentro de um padrão construtivo estabelecido pela empresa.

Marcelo Puntel, diretor de desenvolvimento urbano da RJZCyrela destaca que Maricá recebeu alguns lançamentos nos últimos anos e todos tiveram boa absorção pelo mercado. Ele informa que a procura por esse tipo de produto é grande.

“Além de possuir belas praias ao redor e uma linda lagoa, tem acesso fácil e é uma região estratégica: além do Porto, localizado na praia de Ponta Negra, que está nos planos do Governo, tem acesso facilitado tanto para Itaboraí, onde será desenvolvido o Comperj, quanto para Niterói e Rio de Janeiro. É uma boa opção para morar e tem grande potencial de desenvolvimento”, aponta.

Apostando nesse mercado, a RJZCyrela está lançando o empreendimento Landscape Maricá, com 391.085,38 metros quadrados. O loteamento será entregue com toda infraestrutura pronta, como pavimentação, estação de tratamento de esgoto exclusiva para o empreendimento, um clube exclusivo aos proprietários de lotes, entre outros. O Landscape também está localizado ao lado do futuro shopping da cidade.

“O Landscape Maricá possui um projeto urbanístico baseado na manutenção da área verde original. São lotes, vegetação, alamedas largas e arborizadas, trilhas ecológicas e infraestrutura totalmente integrados. Os lotes não são colados no muro, para maior privacidade e beleza”, explica.

O investimento em cada lote é em torno de R$ 143 mil, com tamanho médio de 410 metros quadrados. No entanto, o preço mínimo de lote é a partir de R$ 129 mil, com 15% de sinal e financiamento até 100 vezes após a obra. A menor parcela mensal é de R$ 761. Serão 390 lotes residenciais e 2 comerciais de cerca de 7 mil metros quadrados.

Outra empresa que aposta na região é a Alphaville, que já investiu mais de R$ 34 milhões no local. O gerente regional comercial da empresa, Francisco Gerótica, destaca que os lotes da primeira fase do Terras Alphaville Maricá foram vendidos em apenas cinco horas.

“Os lotes tiveram uma valorização de 70% em pouco mais de um ano, o que comprova a boa oportunidade de negócio que o empreendimento representa”, aponta.

A empresa se prepara para lançar o Terras Alphaville Maricá 2, onde serão ofertados aproximadamente 200 lotes, com preço médio de R$ 104 mil, cada. Francisco Gerótica ressalta que o projeto será entregue com um clube exclusivo, de mais de 13 mil metros e além disso, o loteamento possui uma área verde de cerca de 351 mil metros quadrados.

Cuidados – O advogado especialista em direito imobiliário Accacio Barrozo, sócio-fundador da Accacio Monteiro Barrozo Assessoria Jurídica, afirma que, apesar de uma excelente opção para muitas famílias brasileiras, alguns  cuidados são necessários antes de investir em um lote.

“Em termos de investimento, um terreno dentro de loteamento não é algo que se alugue, igual a um apartamento. Além disso, o prazo para a conclusão do loteamento pode se arrastar, atrasando todo o planejamento”, aponta.

Ele recomenda que o interessado conheça o lote antes de adquiri-lo, verifique a solidez da empreendedora do terreno e a qualidade da infraestrutura implantada e confirme, na Prefeitura, se o loteamento está aprovado e está de acordo com as exigências municipais, e se não está localizado em área de preservação ambiental.

Origem: O Fluminense, 02/12/2013

Nobel de Economia alerta para bolha no mercado de imóveis no Brasil

Economista também está preocupado com ‘boom’ no mercado de ações dos EUA

BERLIM e RIO – O americano Robert Shiller, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em parceria com outros dois pesquisadores, acredita que as fortes altas nos preços do mercado de ações dos EUA e do setor imobiliário em algumas cidades do Brasil podem provocar uma perigosa bolha financeira.

– Ainda não estou soando o alarme, mas em muitos países, as bolsas de valores estão em um nível alto e preços subiram com força em alguns mercados imobiliários – afirmou, em entrevista à revista alemã “Der Spiegel” na edição deste domingo. – Isso pode acabar mal.

Schiller disse estar preocupado com o “boom” do mercado acionário dos EUA, pois a economia ainda está “fraca e vulnerável”, acrescentando que os setores financeiro e de tecnologia podem estar superestimados.

O economista também apontou os valores “drasticamente” altos de propriedades no Rio de Janeiro e em São Paulo, no Brasil, nos últimos cinco anos.

– Lá, me senti um pouco como nos EUA em 2004 – disse, acrescentando que tem ouvido argumentos sobre oportunidades de investimentos e o crescimento da classe média que já havia escutado nos EUA perto do ano 2000.

O colapso do mercado imobiliário dos EUA ajudou a motivar a crise financeira global de 2008 e 2009. “Bolhas são assim. E o mundo ainda está muito vulnerável a uma”, disse. As bolhas são criadas quando investidores não reconhecem que os crescentes preços de ativos se distanciaram de fundamentos econômicos.

A professora da PUC Monica Baumgarten de Bolle discorda da opinião do vencedor do Nobel. Apesar de algumas cidades terem vivido forte alta nos preços dos imóveis, com destaque para o Rio de Janeiro, faltam dados para afirmar que o país esteja vivendo uma bolha.

– A gente olhar para a questão dos imoveis simplesmente pela alta e daí concluir que existe uma bolha é olhar um pedacinho só da fotografia e não levar em conta muitas outras variáveis – disse. – Não é bolha, não no sentido que ocorreu nos Estados Unidos, porque teria que se imaginar uma situação em que as pessoas se endividaram excessivamente, de forma abrangente, dos mais pobres aos mais ricos, e isso não é verdade no Brasil. Ainda é uma camada pequena da população que tem acesso aos recursos pra adquirir imoveis.

Essa é a mesma opinião do economista do Ibmec Gilberto Braga. Segundo ele, o cenário de bolha nos EUA é bem diferente do que acontece no Brasil.

– No Brasil, temos alta de preços e especulação e a especulação está ligada à facilidade de crédito, às obras de infraestrutura nas principais capitais, sobretudo nas que vão ser sede da Copa do Mundo. No Rio de Janeiro, agrega-se o fator UPP de retomada de áreas que eram dominadas por traficantes.

Origem: O Globo, 02/12/2013

Cidades para Pessoas: transformando lugares subutilizados em espaços públicos

 

Começamos com uma premissa fundamental: edifícios ocupam apenas uma fração de terra nas cidades. Tão importante quanto estruturas físicas são os espaços públicos entre elas.

Em muitas cidades estes espaços têm sido desconsiderados. Hoje, entretanto, estamos testemunhando experimentações e inovações ousadas em cidades por todo o mundo: cidades reutilizando e reimaginando espaços antes subutilizados para melhorar comunidades e transformar vidas.

A iniciativa do AIA Cities as a Lab: Designing the Innovation Economy explora o papel das cidades como líderes inventivas voltadas para o futuro em uma série de escolhas políticas e de projetos.

Considere, por exemplo, Medellin, Colômbia. Por muitos anos a cidade foi vista como uma das mais perigosas do mundo. Seus líderes sabiam que Mendellin tinha mais a oferecer do que o que o restante do mundo estava vendo… Mas como poderiam mudar a reputação de um lugar que já registrou mais de 3.000 assassinatos em um ano?

Através de esforços inovadores focados na criação de espaços públicos vivos, Mendellin demonstrou como um maior entendimento do valor dos espaços públicos e como o poder liberado ao reunir pessoas nestes locais podem transformar as cidades mais violentas em comunidades vibrantes.

A cidade de Medellin começou instituindo soluções políticas focadas na revitalização das áreas mais pobres. Novas ligações foram feitas para conectar as favelas em encostas a locais de empregos formais. Como as encostas eram muito íngremes para ônibus, gôndolas e escadas rolantes foram instaladas, fornecendo soluções criativas de mobilidade para os moradores.

 

 

O antigo prefeito da cidade, Sergio Fajardo, defendeu estes e muitos outros programas, alguns dos quais com projetos arquitetônicos impressionantes, criados principalmente por arquitetos locais para criar um forte sentimento de lugar. Terminais de trânsito, bibliotecas e centros esportivos foram melhorados e construídos com projetos inovadores. O projeto do prefeito Fajardo, “arquitetura como programa social”, capturou o objetivo geral de criar arquiteturas transformadoras e espaços abertos para os moradores da cidade enquanto conduzia um forte crescimento econômico.

Embora todos os problemas certamente não estejam resolvidos, Medellin experimentou uma transformação; ganhou recentemente o prêmio Wall Street Journal/ULI/CITI City of the Year como cidade mais inovadora.

Mas transformações em toda a cidade não são necessárias, já que mesmo projetos em pequena escala podem fazer uma grande diferença. Por exemplo, Katherine Darnstadt, AIA, fundadora do Latent Design de Chicago, trabalhou com Alex Gilliam, do Public Workshop, para capacitar 11 adolescentes e transformar um terreno vazio no sul de Chicago. Através da aplicação de design e ciência estes jovens foram capazes de criar uma área de lazer tranquila e imaginativa para crianças da vizinhança. O acampamento Femme 2 STEM foi a plataforma para esta transformação acontecer, mas pensamento projetual foi o impulso para ela funcionar.

 

Em um período de duas semanas os participantes trabalharam no local colaborando entre si e reunindo ideias de pedestres para obter maior participação da comunidade. Eles mediram, projetaram, testaram e construíram o parque infantil “Climb, Jump, Leap, Imagine”, que inclui brinquedos, plataformas de madeira e uma caixa de areia.

Membros da comunidade aderiram e passaram noites ajudando, fornecendo doações e até limpando um lote vazio próximo. O resultado desse projeto foi um espaço construído pela comunidade para a comunidade. O design foi a ligação chave, mas as pessoas – tanto as que participaram do programa quanto os membros da vizinhança que acabaram se envolvendo – fizeram o projeto acontecer. As relações que as pessoas constroem entre si e com o espaço ao redor delas são o que faz as cidades funcionarem.

As oportunidades e desafios nas áreas urbanas se manifestam, mas vontade política, decisões de longo alcance e o engajamento da comunidade podem, se permitidos, se unirem em uma mistura de inovação. Só dessa forma podemos criar lugares inclusivos para todas as pessoas; onde a igualdade social pode ser um impulso chave e não um adendo; onde a arquitetura pode extrapolar o edifício e ajudar a transformar a paisagem da rua e espaços que podem melhorar as vidas das pessoas na comunidade como um todo.