Transposição do rio Paraíba do Sul: nota da Diretoria do Sistema FIRJAN

“A Diretoria do Sistema Firjan considera que os prejuízos evidentes ao Estado do Rio provocados pela possível retirada de águas da bacia do Paraíba do Sul devem levar o Estado de São Paulo a buscar alternativas diferentes, com menos impactos negativos”.

A Diretoria do Sistema FIRJAN, face às recentes notícias sobre a possibilidade de transposição das águas do rio Paraíba do Sul para abastecer a região metropolitana da cidade de São Paulo, vem a público manifestar sua preocupação quanto aos efeitos perversos da diminuição da disponibilidade hídrica da bacia do rio Paraíba do Sul.

Ao contrário do que tem sido veiculado, a bacia do Paraíba do Sul não apresenta uma situação hídrica confortável. Diversos trechos apresentam redução drástica de suas vazões em períodos secos, como nas regiões de Barra do Piraí, no estado do Rio, e São José dos Campos, no estado de São Paulo, quase inviabilizando qualquer uso da água. Na foz do rio Paraíba do Sul, são recorrentes os problemas com a penetração de água do mar, pela baixa vazão do rio, afetando dramaticamente atividades como a agricultura e a pecuária.

Outro aspecto relevante a ser considerado é a capacidade de regulação e controle de cheias desempenhado pelo conjunto de barragens do trecho fluminense do rio Paraíba do Sul, que será afetado pelas mudanças do regime de operação necessário para essa possível transposição. Com isso, diversas regiões, especialmente no sul do estado, ficarão mais suscetíveis a secas e alagamentos, além da redução da geração de energia no complexo Ribeirão das Lajes/Guandu, estimada em 2,4 a 4,1%. Num quadro cada vez mais complexo de oferta e demanda de energia elétrica, esse é outro problema grave.

O quadro piora substancialmente quando se projeta a evolução da população e da demanda de água no estado do Rio para os próximos 20 anos. Dados do Plano Estadual de Recursos Hídricos do estado do Rio de Janeiro mostram que a população nas principais bacias hidrográficas do estado vai crescer 18%, enquanto a demanda por água para os mais diversos usos, mas especialmente para o abastecimento humano, vai crescer 41% nesse período.

Por fim, é preciso considerar que o estudo apresentado pelo estado de São Paulo aponta 9 alternativas de captação de água para a macro metrópole de SP. Aquelas que envolvem o rio Paraíba do Sul não são nem as mais baratas, nem as que trarão mais água. O estado do Rio de Janeiro não possui nenhuma alternativa ao rio Paraíba do Sul. Nem agora, nem nos próximos 20 anos.

Desta forma, a Diretoria do Sistema FIRJAN considera que os prejuízos evidentes ao estado do Rio, no curto e longo prazos, provocados pela possível retirada de águas de bacia do Paraíba do Sul, devem levar o estado de São Paulo a buscar alternativas diferentes, com menos impactos negativos, para a urgente e necessária complementação de seu sistema de abastecimento.

DIRETORIA DO SISTEMA FIRJAN

Rio, 21 de março de 2014.

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