Por que Niterói se tornou a ‘menina dos olhos’ dos investidores

Elevado padrão de renda, infraestrutura urbana e proximidade do Rio impulsionam negócios na cidade

Pesquisas apontam que Niterói é um bom lugar para se viver e trabalhar. A cidade tem a melhor renda familiar do país, segundo estudo elaborado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2011. E o município brasileiro com maior concentração de pessoas na classe econômica A, sendo que 30,7% de sua população se encontram na base da pirâmide das categorias mais abasta das. O mesmo trabalho aponta que 42,9% dos habitantes estão nas faixas econômicas A e B.

Niterói se destaca, ainda, por ser um dos principais centros financeiros, comerciais e industriais do estado do Rio de Janeiro. Ocupa a 12 posição entre as 100 melhores cidades brasileiras para realizar negócios. Com pouco menos de 500 mil habitantes e uma densidade demográfica de 3.504 habitantes por Km a cidade tem um perfil invejável em termos de IDH, Índice de Desenvolvimento Humano apurado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento — PNUD. Em um universo de 5.500 municípios brasileiros, ocupa o terceiro lugar. Niterói tem outra peculiaridade: reúne um elevado índice de profissionais liberais e de funcionários públicos. Esse perfil garante uma demanda expressiva por investimentos em empreendimentos imobiliários de qualidade para atender a esse mercado exigente.O diretor de eventos da Ademi Niterói, Naum Roberto Ryfer, acredita que a demanda por novas moradias e prédios comerciais voltados para profissionais liberais e serviços será crescente, devido à contínua expansão da renda em toda Região Metropolitana.

“Niterói tem atraído investimentos em diversos setores. Especificamente na construção  civil, o município desponta como uma excelente alternativa para quem deseja viver em uma cidade bem planejada, com infraestrutura, acesso a lazer e a todo tipo de comércio e serviços, e também a poucos minutos do Centro do Rio de Janeiro”, disse ele.

Bruno Serpa Pinto, diretor da Brasil Brokers, comprova a tese. Só as operações da imobiliária no município chegam a R$ 1,6 bilhão, com altíssimo índice de liquidez. “O Centro de Niterói é hoje a menina dos olhos, porque tem atributos que fazem a diferença na vida urbana, deixando de ser apenas um centro comercial, mas também residencial com vida própria”, afirmou.

Naum Ryfer está convencido de que Niterói continuará atraindo investimentos e  ganhará importância ainda maior no cenário estadual (a consolidação do Comperj e do Polo Naval). “A cidade já é o centro da região Leste Fluminense”, lembrou. Os investimentos estimados nas indústria naval e petroquímica, até o fim de 2014, são de R$ 40,5 bilhões. Até 2015, a expectativa é de que R$ 8,6 bilhões sejam aplicados na criação e reforma de estaleiros.

O diretor executivo regional da PDG, Claudio Hermolin, destaca, além dos investimentos em petróleo e no pré-sal, a existência de um porto dinâmico, capaz de escoar parte da produção do Comperj e de operar como base de apoio logístico offshore para as plataformas das bacias de Campos e de Santos. Nesse sentido, a reinauguração do Porto de Niterói, com investimentos da ordem de R$ 50 milhões, significou mais um passo da cidade em sua ambição de se transformar na maior referência nacional da indústria naval e de serviços de apoio offshore. “E claro que toda essa cadeia de petróleo atrai empresas que demandam espaços próximos aos seus investimentos”, enfatizo.

Não à toa, a líder mundial em hotelaria, a Accor, decidiu expandir sua rede na cidade. onde já opera um hotel com a marca Mercure. “O diagnóstico feito por uma consultoria apontou carência de produtos hoteleiros padroniza dos em Niterói com uma marca de reconheci mento internacional como a Ibis”, assinalou o vice-sênior da Accor para as Américas, Abel Castro. O mesmo estudo revelou indicadores favoráveis para a implantação de um empreendimento do porte do que será construído no Centro da cidade.” E importante ressaltar que os novos negócios e investimentos são relativos à expansão natural da malha pelo território nacional, e não neceS5ariamei pela realização dos grandes eventoS (Copa e Olimpíadas). O desenvolvimento de novos hotéis segue, principalmente, uma demanda proveniente da expansão da economia no país e do movimento do mercado de negócios em grandes metrópoles”, afirmou Abel Castro.

O presidente do Sinaval – Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore, Ariovaldo Rocha, garante que Niterói continua a ser um dos principais centros de construção naval do País. “Seus cinco principais estaleiros – Mauá, Vard, Aliança, Brasa e Renave – são responsáveis pela geração de cerca de 13 mil empregos diretos”, disse.

Segundo ele, estes estaleiros possuem capacitação tecnológica para a construção de navios petroleiroS e de produtos. rnbarcaçõe5 de apoio marítimo e assentamentos de dutos flexíveis, construção e integração de módulos de plataformaS além de fazer reparos em navios c sondas de perfuração.

Se a demanda por serviços de engenharia’. por tecnologias é suprida por empresas locai e internacionais e pela Universidade Federa Fluminense (UFF), a capacidade de construção de navios e integração de módulos é complementada pelo trabalho das empresas Subsea 7 e pela unidade industrial da Wellstrear (subsidiária da GE). As duas estão instaladas na Ilha da Conceição. “Este aparato construtivo de serviços é um fator gerador de empregos de alta qualificação” disse o presidente do Sinaval.

Origem: O Globo - Caderno Cidade Monumento, 20/02/2014

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