Niterói em transformação

Antiga capital do estado do Rio, cidade começa a se libertar de um modelo de urbanização desordenado para fazer frente a um novo ciclo de crescimento econômico

Niterói jamais será a mesma após a conclusão do projeto de requalificação de sua região central, que tem por objetivo devolver aos seus quase 500 mil habitantes o convívio harmonioso com o mar, valorizar os espaços públicos e reinventar o modo como a população se desloca. por meio de um novo ordenamento urbano. “Nós queremos integrar as duas partes da cidade: a frente marítima e o centro histórico. Isso será possível com a implementação de um novo sistema de mobilidade urbana, que priorizará o uso de transporte coletivo e não-motorizado, por meio da criação de áreas preferenciais para pedestres e ciclistas, com circulação protegida”, explica a secretária de Urbanismo e Mobilidade Urbana, Verena Andreatta, arquiteta e urbanista que traz no currículo uma especialização em revitalização de áreas degrada das, concluída em Barcelona.

Nesse contexto, a população poderá usufruir de um centro restaurado, novas praças, fiação subterrânea, ruas recapeadas, calçadas renovadas, um parque litorâneo e novas áreas de lazer. A exemplo do que vem acontecendo na região portuária do Rio, a ideia é estimular novas edificações, combinando usos residenciais e comerciais por meio de um projeto em Parceria Público-Privada.

A requalificação também envolve novos equipamentos, como uma marina pública, uma vila de pescadores, um polo gastronômico e a restauração de prédios que fazem parte da memória histórica e afetiva da cidade, adianta Verena.

Na esteira das mudanças, a Universidade Federal Fluminense, a que mais recebe alunos de graduação no país, promove ampliação do campus e a oferta de novos cursos e trabalha para entrar no ranking das 100 melhores instituições universitárias do mundo, passando a ser referência pela excelência no ensino e pesquisa. Não muito longe, o Plaza Shopping, o mais antigo de Niterói, entrou na onda de otimismo que invade a cidade e, por meio de urna expansão que agregou mais 10 mil metros quadrados de área, ajustou o mix de lojas, atraindo marcas de luxo, e construiu torres com unidades corporativas. Esse processo de transformação traduz, em certa medida, o forte crescimento econômico de Niterói, que se consolida como polo da indústria naval e de apoio à atividade do petróleo, atrai novos investimentos, especialmente imobiliários – para atender à crescente demanda por imóveis residenciais, comerciais, corporativos e hoteleiros de alto padrão – gera novos empregos e reafirma a vocação da cidade, reconhecida pelo elevado índice de qualidade de vida e por registrar a maior renda familiar entre os brasileiros, superior até mesmo à de São Paulo.

A cidade se insere, ainda, em outro invejável ranking: abriga o segundo maior acervo das obras de Oscar Niemeyer no Brasil, atrás somente de Brasília. E como tudo que leva o traço genial do arquiteto vira ícone. a exemplo do MAC, hoje referência mundial em museus e um dos líderes em visitação no país, não é exagero afirmar que Niterói se transformou em uma cidade monumento. Um tributo à altura do maior e mais famoso artista brasileiro de todos os tempos.

Origem: O Globo - Caderno Cidade Monumento, 20/02/2014

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