Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro – Cronograma das obras

A dois anos da Olimpíada, custos do comitê continuam incertos

ITALO NOGUEIRA

Dos 15 projetos ainda sem custo definido na Matriz de Responsabilidades da Rio-2016 (documento que lista o preço das instalações esportivas e os responsáveis por elas), oito são classificados como “instalações complementares”.

Sem estimativa de gasto, origem de recursos ou responsável por executar as obras, eles são a principal incógnita da organização dos Jogos de 2016.

Os gastos referem-se a obras e serviços de responsabilidade do comitê organizador no dossiê de candidatura.

Eles serão assumidos pelos governos após a decisão de não transferir dinheiro público para a entidade.

Não há, contudo, divulgação sobre quais serviços serão transferidos.

O comitê organizador dos Jogos espera arrecadar R$ 7 bilhões. O valor não atinge os gastos de R$ 7,3 bilhões (em valor corrigido).

No entanto o gasto deve ser ainda maior. Segundo a Folha apurou, a estimativa é de que R$ 950 milhões de gastos ainda estão descobertos.

“As instalações complementares ficam para o final. Não se pode colocar uma instalação complementar de triatlo ou vôlei de praia em Copacabana”, disse o presidente da APO (Autoridade Pública Olímpica), general Fernando Azevedo e Silva.

RIO PRECISA CONCLUIR 76% DAS OBRAS EM ARENAS

Projetos de 15 instalações esportivas não saíram do papel

A dois anos dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2016, a execução das obras de instalações esportivas alcançou 24% do total. Há arenas prontas e outras adiantadas, mas algumas com pouco avanço além do burocrático.

De acordo com dados da Matriz de Responsabilidades (documento que define valor, prazo e responsáveis pela construção das instalações esportivas) e do Rio Transparente (sistema de aplicação de recursos da Prefeitura do Rio), ao menos 15 obras e reformas de arenas que receberão competições do evento ainda não começaram ou estão em estágio inicial.

Após a pressão de membros do COI (Comitê Olímpico Internacional) no primeiro semestre, a prefeitura fez a licitação de obras atrasadas, como a do Complexo Esportivo de Deodoro.

O município também recuperou atrasos registrados no Parque Olímpico, cuja obra está em dia. O discurso crítico do COI mudou após o bom desempenho do país na organização da Copa do Mundo.

BUROCRACIA

Algumas intervenções avançaram pouco além da burocracia, com assinatura de contrato, mas em passos iniciais nos canteiros de obras. Com o prazo apertado, já houve inclusive contratação de empreiteira sem licitação. O sinal continua amarelo nas obras de Deodoro.

Lá, o processo licitatório começou em abril, mas os contratos com as construtoras só foram assinados há duas semanas. O sistema financeiro da prefeitura não registra avanço na obra.

Também não saiu do zero, segundo o desembolso da prefeitura, a construção do Centro Olímpico de Handebol. A Empresa Olímpica Municipal afirma que a arena está em fase de fundação, com cravação de estacas.

“Temos um pouco de atraso no velódromo, de uma ou duas semanas, mas vamos recuperar. Na média, estamos três semanas adiantados. Em Deodoro, temos desafios, mas estamos confiantes. Tranquilo não estou nunca, mas as coisas estão mais na mão”, afirmou o prefeito Eduardo Paes (PMDB).

A reportagem analisou os valores liquidados (custo das etapas da obra reconhecidas pelo governo como concluídas) nos projetos da Matriz de Responsabilidades com custo definido. Os dados indicam uma execução de 24% das obras nas arenas.

SEM LICITAÇÃO

Para erguer a arena do handebol, a prefeitura contratou uma empreiteira sem licitação após nenhuma empresa ter sido habilitada na primeira concorrência –manobra autorizada pela legislação.

A reforma de cinco instalações usadas nos Jogos Pan-Americanos de 2007 ainda não tem sequer custo estimado, como a Folha revelou na semana passada.

A prefeitura argumenta que a construção da maioria das arenas não é complexa.

Após duas semanas de greves de operários em maio, a construção do Parque Olímpico avançou, atingindo 40,74% na última quinta-feira (31). A obra está adiantada em 0,6 ponto percentual.

Há obras que já estão prontas, como a Arena da Barra, que abrigará a ginástica, o Maracanã, palco das cerimônias de abertura e encerramento e das finais do futebol, e o Sambódromo, que receberá a maratona e o tiro com arco.

 

Origem: Folha de S. Paulo, 03/08/2014

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