Gerdau prevê investimento de R$2,9 bi em 2014, mas mostra cautela

A Gerdau, segunda maior produtora de aços longos do mundo, estimou investimento de 2,9 bilhões de reais em suas operações este ano, número 11 por cento maior que o aplicado no ano passado, mas que marca mudança na prática da companhia de divulgar orçamentos para períodos de cinco anos.

Segundo o presidente-executivo da companhia, André Gerdau Johannpeter, a alteração na política de divulgação de investimentos ocorre “frente a este cenário e até pela nossa seleção de critérios de capex (investimento)”.

Em outubro, o executivo havia afirmado que a companhia divulgaria atualização do pacote de investimentos neste mês. O plano anterior era de 8,5 bilhões de reais entre 2013 e 2017, mas Gerdau não confirmou se a soma ainda pode ser usada como referência.

De todo o modo, entre 2013 e 2014 a companhia deve acumular investimentos de 5,5 bilhões de reais, restando ainda 3 bilhões para serem aplicados entre 2015 e 2017 pela projeção anterior.

“Nós até temos projeções internas, mas a gente prefere agora falar por ano porque é mais certo do que vai acontecer”, disse Gerdau em teleconferência com jornalistas.

“Quando a gente lança cinco anos as coisas podem mudar. A comunicação anterior criava uma até uma incerteza sobre se o número total poderia ser dividido por cinco (anos) ou não”, acrescentou o executivo.

Mais cedo, a empresa divulgou resultados de quarto trimestre que vieram acima do esperado pelo mercado, mas as ações da companhia ampliavam queda no início da tarde desta sexta-feira, recuando 2,3 por cento às 14h06, enquanto o Ibovespa tinha valorização de 0,07 por cento.

A Gerdau teve lucro líquido de 492 milhões de reais nos três últimos meses de 2013, ante expectativa média de analistas obtida pela Reuters de 427 milhões de reais. As operações da empresa na América do Norte registraram avanço de 8,6 por cento no volume vendido, para 1,476 milhão de toneladas. Já a divisão Brasil teve vendas de 1,792 milhão de toneladas, queda anual de 1,2 por cento.

Apesar da queda nas vendas, a geração de caixa da empresa na operação brasileira subiu 41 por cento no trimestre, em parte apoiada pela venda de imóveis não especificados e por maior volume de minério de ferro vendido a terceiros.

“A parte Brasil veio boa, mas o resultado nos Estados Unidos preocupa um pouco. A despeito de toda a recuperação da economia norte-americana, a operação (da Gerdau no país) não caminhou junto com essa recuperação, vem melhorando de forma muito mais gradual”, disse o analista Felipe Rocha, da Omar Camargo Corretora.

O Conselho da empresa aprovou pagamento em 17 de março de 119,3 milhões de reais em dividendos, ou 0,07 real por ação.

MINERAÇÃO

Parte dos investimentos de 2013 foram destinados para ampliar a produção de minério de ferro, que passou a 11,5 milhões de toneladas e convenceu a empresa a passar a divulgar os números dessa operação separadamente do desempenho no Brasil a partir do primeiro trimestre deste ano, disse Gerdau.

Em 2013, a venda de minério de ferro da Gerdau para terceiros atingiu 1,2 milhão de toneladas, concentradas nos três últimos meses do ano passado.

O plano de crescimento de produção de minério da companhia é chegar a 18 milhões de toneladas em 2016 e 24 milhões até 2020. “Até o momento nada mudou, vamos seguir nesta direção”, disse o vice-presidente financeiro da Gerdau, André Pires, na teleconferência, evitando fazer projeções de vendas da commodity neste ano.

ENERGIA E AÇOS PLANOS

Pires afirmou que a Gerdau tem atualmente capacidade de autogeração em torno de 40 por cento das necessidades da empresa, por meio da usina siderúrgica em Ouro Branco (MG), duas hidrelétricas próprias e participação em uma terceira.

Segundo o executivo, a Gerdau está com energia contratada em volume suficiente para a expectativa de carga da companhia em 2014. Ele não deu detalhes, mas afirmou que a dispersão geográfica das operações da empresa no Brasil “nos deixa bem preparados para qualquer eventualidade”.

Na área de aços planos, inaugurada recentemente, Gerdau afirmou que a produção de bobinas a quente está seguindo “o ritmo previsto, em janeiro foi melhor que o esperado”, disse o executivo, sem dar detalhes. (Por Roberta Vilas Boas e Alberto Alerigi Jr., Reuters)

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