Expansão do metrô inclui Santa Marta e Humaitá

Governo pagará até R$ 35 milhões para empresa que fará o projeto para ligar Gávea à Carioca

AMANDA RAITER

Prevista nos planos de expansão do metrô do Rio desde a década de 70 mas esquecida na prática, a ligação da Gávea ao Centro está finalmente em vias de começar a se concretizar. Ontem, último dia em exercício do governador Sérgio Cabral, foi publicado no Diário Oficial o início do processo de licitação para a escolha da empresa que irá elaborar o projeto básico e os estudos ambientais para a construção do trecho Gávea-Carioca.

A ideia é que o percurso de 10 quilômetros de extensão tenha oito estações, ligando, na Gávea, a Linha 4 que vai até a Barra, ao Largo da Carioca, no Centro. A definição dos locais exatos das estações ainda dependerá dos estudos, mas a Casa Civil informou que deverão ser contemplados com paradas do metrô a Praça Santos Dumont (Gávea), o Jardim Botânico, Humaitá, Largo dos Leões, Morro Dona Marta e Santa Teresa. Ainda segundo o órgão, na Carioca, haveria uma nova estação de integração. No projeto antigo de expansão do metrô, o túnel passaria pelo Cosme Velho e Laranjeiras.

Foto: Arte: O Dia

O professor de Engenharia de Transportes da PUC-Rio, Fernando Mac Dowell, tem questionamentos sobre a eficiência da integração do novo trajeto com a Linha 4, na Gávea, mas avalia que o novo trecho será benéfico especialmente para o Jardim Botânico. “É uma região de tráfego intenso quase o dia inteiro e com muitos semáforos. Para aquele bairro, a entrada do metrô era realmente a única solução e já era discutida em governos anteriores”, afirmou Mac Dowell.

O ato no Diário Oficial, assinado pelo chefe da Casa Civil, Regis Fichtner, que também deixou o cargo ontem, prevê que o valor máximo a ser pago para o vencedor da licitação será de R$ 35 milhões, vindos do Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam). A empresa escolhida terá realizar estudos e análises de demanda, orçamento, impactos ambientais, segurança e verificar a viabilidade técnica e econômica do empreendimento.

Tatuzão só termina Linha 4 no fim de 2015

A ideia da expansão do metrô por Botafogo é aproveitar o Tatuzão (TunnelBoringMachine), que está sendo usado para construir os túneis da Linha 4, de Ipanema à Gávea. De lá até a Barra, são realizadas explosões e outras técnicas mais adequadas ao terreno rochoso. A previsão é de que o equipamento termine o trabalho na Linha 4 no fim de 2015. Só a partir daí, é que poderia ser usado no novo projeto.

Cabral, Pezão e os secretários Regis Fichtner e Julio Lopes no início da perfuração do Tatuzão, em Ipanema Foto: José Pedro Monteiro / Agência O Dia

O “tatuzão” pesa 2.700 toneladas e possui 120 metros de comprimento (do tamanho de um prédio de quatro andares). O equipamento veio desmontado da Alemanha, onde foi fabricado, e custou R$ 100 milhões.

Malha ideal para a cidade

O governo estadual informou também ontem que estão em estudos outras ampliações do metrô. Entre elas, os trechos Jardim Oceânico-Alvorada, na Barra, e Alvorada-Recreio dos Bandeirantes. Entre os estudiosos da área de transportes há, no entanto, várias ideias para se expandir os trilhos atuais.

Para os técnicos da concessionária MetrôRio, que opera o sistema atualmente, a “malha ideal” para a cidade seria obtida com a expansão da Linha 4, do Jardim Oceânico para o Terminal Alvorada e, de lá, para Jacarepaguá, Méier e Barão de Mesquita, na Tijuca, onde se interligaria com a Linha 1, que atualmente termina na Estação Uruguai.

Além do trecho anunciado ontem pelo governo estadual, os técnicos do MetrôRio gostariam de ver um túnel sob o Maciço da Tijuca, que ligasse a Gávea até uma futura estação Barão de Mesquita. Para o professor Fernando Mac Dowel, a prioridade no momento deria ser a ligação Estácio-Praça 15, passando pela Estação Carioca.

Origem: O Dia, 04/04/2014

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