Dos traços do arquiteto nasce o Monumental

Primeiro multiuso da cidade amplia acervo de obras emblemáticas assinadas por Niemeyer

O genial arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, falecido em 2012, disse, certa vez, que de apenas um traço nasce a arquitetura. “E quando ele é bonito e cria surpresa, pode atingir, sendo bem conduzido, o nível superior de uma obra de arte”, acrescentou. E são os traços leves e sinuosos do mais famoso arquiteto brasileiro que es tão impressos em pelo menos 200 obras de arte espalhadas em diversas cidades brasileiras e estrangeiras.

E fácil reconhecer as linhas levemente traçadas pelo arquiteto carioca, nascido no bairro das Laranjeiras. A assinatura de um dos mais influentes nomes da arquitetura mundial está impressa em grandes obras públicas. Ela é visível na cidade inteira de Brasília, no Memorial da América Latina, em São Paulo, e no Museu de Arte Contemporânea, em Niterói. Sua forma inconfundível também é identificada em cidades mundo afora. “Oscar Niemeyer não se tornou o maior arquiteto do planeta à toa”, afirma o também arquiteto Joaquim Pedro Bertoletti, para quem as soluções de engenharia que se adequem aos seus traços únicos, onde a for ma é sempre o carro-chefe, são sempre mais difíceis de serem executadas. Apesar disso, as incorporadoras Latini Bertoletti e a PDG selaram urna sólida parceria para construir, em Niterói, o primeiro empreendimento imobiliário da cidade com a famosa marca do arquiteto: o Oscar Niemeyer Monumental, um complexo hoteleiro e comercial.

“Esse projeto se destacaria em qual quer lugar do mundo em que fosse lançado”, disse Joaquim Pedro, acrescentando que, ao discutir com Niemeyer, em 2010, a intenção de lançar um produto para o mercado imobiliário, a partir de suas linhas e esboços, o próprio arquiteto gostou muito da ideia de ver construído um projeto com a forma planejada pelas duas empresas.

Bertoletti conta que a vontade de fazer O projeto superou as dificuldades de viabilizá-lo, porque, na verdade, o que tinham em mãos eram rabiscos e traços onde Niemeyer esboçava seus desejos de forma. “Nós contratamos escritórios que já tinham experiência de trabalhar com ele, que já estavam acostumados aos desafios de suas formas e, assim, concretizamos o sonho de construir um empreendimento que leva a sua assinatura”.

Marcelo Latini, sócio de Joaquim Pedro, lembra que as obras de Niemeyer pelo mundo são, em geral, construídas por organizações, entidades e pelo Poder Público, mas poucas são as projetadas como um produto para mercado. “Esta é uma oportunidade única: quem investir no Monumental será dono de uma obra de arte”, salientou. Orgulhoso pelo fato de a cidade onde mora ter adotado as obras do grande mestre, Latini acredita que o primeiro projeto multiuso de grande porte de Niterói, reunindo lajes corporativas, lojas, salas comerciais e um hotel Ibis, com a reconhecida qualidade internacional da rede Accor e a assinatura do Oscar Niemeyer, será um marco na arquitetura da cidade. “Juntamente com o MAC, passará a ser o novo cartão postal da cidade”, assinalou. Ele destacou, ainda, que as duas empresas largaram na frente, antecipando as mudanças que vão ser concretizadas no Centro de Niterói.

Claudio Hermolin, diretor executivo regional da PDG, completa dizendo que dois requisitos são essenciais para a realização de um bom projeto imobiliário: a oferta de um produto de qualidade e uma boa localização. “Com o Oscar Niemeyer Monumental nós conseguimos a feliz junção dos dois atributos fundamentais para um projeto e somar, a isso, a vista privilegiada da Baía de Guanabara”, disse, lembrando que “a assinatura do arquiteto mais famoso do Brasil agrega ainda mais valor ao empreendimento”.

O Monumental fica próximo às barcas, com fácil acesso ao aeroporto Santos Dumont, à ponte Rio-Niterói, ao terminal rodoviário da cidade e será, provavelmente, o vizinho mais famoso dos shoppings Plaza e Bay Market.

“Projeto raro o interessante”

O arquiteto Jair Varela recorda como o projeto de construção do Monumental era importante para Oscar Niemeyer. Isso por que não só fazia poucos projetos comerciais — a maioria foi construída no exterior — mas também pelo temor de que o prédio do Monumental, de 26 pavimentos e três subsolos, no caminho que leva seu nome, em Niterói, ficasse muito agressivo em meio a uma paisagem tão bucólica. “E um projeto raro e, de todos os comerciais, o mais interessante”, assinala Varela, sócio do escritório de Niemeyer.

Varela, que há 20 anos trabalha direta mente em projetos do maestro brasileiro da arquitetura, disse que Oscar Niemeyer buscou formas que o tornassem mais leve e suave, dividindo o empreendimento em duas torres em curva, numa forma de círculo, e suspensas no meio, fazendo com que as duas se envolvessem em um grande abraço. “Ele se preocupou em abrir um enorme vão para deixai livre a visão da Baía de Guanabara. Procurou erguer o prédio sob pilotis, para torná-lo mais aberto e à altura do olhar humano, como se fosse um jardim”, conta.

O arquiteto relembra que, antes mesmo de trabalhar direto com Niemeyer em seu escritório, teve contato comi os seus projetos na empresa de engenharia Projectumn, responsável por concretizar o desenho da Campana de Brasília. “Há pelo menos 30 anos desenvolvo os projetos dele. No início, fazendo o primeiro esboço do desenho à mão e, depois, construindo a maquete, para sua aprovação. Ele gostou muito quando começamos a trabalhar no mundo virtual, em 3D, por tornar mais fácil qualquer mudança. “Ele ficou ativo até morrer”, salienta.

Jair Varela faz questão de acrescentam um agradecimento aos parceiros do empreendimento – PDG e Latini Bertlotti – por entender que todo o cuidado de Niemeyer com o Monumental necessário. “Aquela região vai valorizar muito e o prédio serve de exemplo para futuras construções no local”, conclui.

Origem: O Globo - Caderno Cidade Monumento, 20/02/2014

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