Após acidente, moradores sofrem com falta de passarela

Pedestres ficam sem opção e agora têm que andar sob sol forte por até um quilômetro em área de risco

TAÍS MENDES

FÁBIO TEIXEIRA

O morador Carlos Henrique Lima percorre com 2 de seus filhos, sob sol forte, agora um longo caminho – Gabriel de Paiva / Agência O Globo

O morador Carlos Henrique Lima percorre com 2 de seus filhos, sob sol forte, agora um longo caminho – Gabriel de Paiva / Agência O Globo

Sem a passagem para pedestres, moradores da comunidade Águia de Ouro estão sendo obrigados a caminhar mais para fazer a travessia até a pista sentido Centro da via, debaixo de forte sol. Isso porque a passarela mais próxima fica a cerca de um quilômetro da que foi derrubada, e é alvo de muitos assaltos. A outra opção é ainda mais arriscada: pela linha férrea, onde, há dois meses, uma criança foi atropelada, de acordo com relatos de moradores.

Grávida de sete meses, Maria Conceição da Silva Santos, de 40 anos, precisou caminhar por mais de um quilômetro, na manhã de quarta, para acessar o shopping que fica do outro lado da via. Mesmo acompanhada do marido, José Dionísio da Silva, de 50, ela preferiu não correr o risco de ser assaltada e optou por atravessar a via expressa pela linha do trem.

— Vou caminhar mais de dois quilômetros até lá debaixo desse calor tão forte. Pela passarela que caiu, eu já sairia dentro do estacionamento do shopping — reclamou ela.

‘Acidente podia ter sido pior’

O morador José Dionísio, que todos os dias atravessava a estrutura para pegar ônibus em direção ao Centro, disse que não há opções. Ele terá de correr o risco na passarela mais próxima, que fica instalada na saída 5 da via expressa.

— Vou ter que passar pela outra, deserta e sem iluminação. Não tem outro caminho — lamentou ele.

Cristina Furtado, de 26 anos, que era amiga Adriano Fontes de Oliveira, uma das vítimas da tragédia, usava a passarela diariamente para ir ao trabalho, no Centro. Na avaliação dela, o acidente poderia ser ainda pior.

— Imagine se fossem férias escolares. Haveria muitas crianças em cima da passarela. Vamos ver quanto tempo eles levarão para repor a estrutura — disse.

 

Moradores apreensivos

O técnico de embalsamento de corpos, Carlos Henrique Lima, de 34 anos, tem cinco filhos em idade escolar que usavam o caminho. Ele, que mora na comunidade Águia de Ouro, também está apreensivo com o reinício das aulas:

— Se eles não consertarem a tempo, vou ter que dar a maior volta com essas cinco crianças, porque a escola delas é do outro lado. Vai ser um transtorno, ainda mais com esse calorão que está fazendo.

Já a dona de casa Jaçanãy Soares, de 28 anos, está preocupada porque não sabe como fará para visitar a mãe, que mora do outro lado da Linha Amarela, bem em frente à estrutura que caiu:

— Agora a opção é ir pela passarela dos assaltos ou atravessar a linha do trem, onde corro o risco de ser atropelada. Vamos ver quanto tempo vão levar para consertar isso.

O presidente da Associação de moradores, Pedro Borgens da Silva, disse que já solicitou mais segurança e iluminação para a passarela que restou como opção de travessia:

— Os assaltos acontecem frequentemente pela manhã e no fim do dia, justamente nos horários de ida e volta do trabalhador.

Lamsa fará reconstrução

De acordo com a Secretaria municipal de Obras, a construção de uma nova passarela é responsabilidade da Lamsa, a concessionária que administra a via. As obras devem se iniciar de imediato.

Por meio de sua assessoria, a Lamsa informou que ainda vai definir um cronograma para o início das obras. A companhia comunicou, porém, que antes da passarela definitiva uma construção provisória será criada no local para permitir a passagem dos moradores das comunidades afetadas. Não há ainda previsão de quando esta construção ficaria pronta.

A passarela derrubada foi construída em 1998, apenas um ano depois do início das operações da Linha Amarela. Ela já teria sido afetada por um acidente anterior, em 2011.

A construção pesava 120 toneladas. O entulho e as estruturas metálicas dela, retirados por guindastes ao longo da tarde de terça-feira, foram levados para o canteiro de obras do BRT Transcarioca, na Ilha do Fundão.

Deixe um comentário