Empresa desenvolve um ‘novo bairro’ em cidade baiana

CLARA ROMAN
DE SÃO PAULO

Nos moldes do que ocorreu em Barueri, em 1973, com a construção de Alphaville, a loteadora Cipasa quer construir um bairro inteiro onde antes havia uma fazenda.

O empreendimento será em Camaçari, nos arredores de Salvador (BA), e, assim como o Alphaville, em Barueri (SP), quer atrair os novos moradores da área: executivos que vão trabalhar nas empresas da região.

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A cidade baiana abriga um polo industrial com cerca de 90 empresas. Tradicional no setor da indústria química e petroquímica, com a Braskem, o polo tem crescido com a chegada do setor automotivo, com empresas como a Ford e a Continental e Bridgestone, ambas de pneus.

Apesar do desenvolvimento econômico, a cidade ainda está em 2.078º, de 5.565, no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

Por meio de uma permuta com o proprietário, a empresa adquiriu um terreno de 1,6 milhão de metros quadrados –área equivalente ao parque Ibirapuera. Agora, vai construir ruas, calçadas, levar água, energia e toda a infraestrutura necessária ao bairro.

A partir daí, a empresa vende os loteamentos para futuros moradores ou mesmo incorporadoras.

A ideia é fazer espaços para empreendimentos comerciais, de escritórios, residenciais e parques. O financiamento, em dez anos, é oferecido pela própria Cipasa, controlada pela gestora de fundos HSI Investimentos.

Será o primeiro empreendimento desse porte desde que a nova controladora assumiu a empresa. A HSI consegue dinheiro, sobretudo, com investidores estrangeiros –como universidades e fundos de pensão dos EUA.

A própria Cipasa não faz a incorporação nem a construção dos prédios. Sua ideia é construir um bairro inteiro onde antes havia apenas mato. Ao todo, serão 520 lotes residenciais.

Um terreno de aproximadamente de 600 mil m² será doado ao poder público, para um parque que deverá ser administrado em conjunto com a futura associação de proprietários do Vívea –uma das propostas do projeto.

Segundo Pedro Lodovici, executivo da Cipasa, a empresa foca justamente nesses polos de crescimento. Além de estudos demográficos, a loteadora realiza viagens para descobrir quais cidades receberão investimentos e hierarquizar os lugares mais pujantes economicamente.

A primeira fase do empreendimento, um lote para uso residencial, será lançada em outubro.

INTERIOR DE SP

Em São Carlos, no interior de São Paulo, a Damha Urbanizadora fará um empreendimento que ocupará 12 milhões de metros quadrados, sendo 2,3 milhões de metros quadrados construídos.

Ao todo, serão sete empreendimentos. A diferença é que, em São Carlos, o projeto é focado em lotes residenciais e de lazer, como campo de golfe e restaurantes.

RIO DE JANEIRO

No Rio de Janeiro, o alto preço dos terrenos na zona sul, a mais rica da cidade, fez com que incorporadoras buscassem viabilizar empreendimentos de alto padrão em áreas mais afastadas do centro.

Segundo Vicente Giffoni, presidente da Asbea-RJ (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), os multiúso levam infraestrutura a locais mais desabastecidos de comércio e serviços e, por isso, atraem a classe média.

Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e zona norte receberão empreendimentos do tipo. Na Barra da Tijuca, o Cidade Jardim, lançado em 2007, terá 512 mil metros quadrados, e o Pontal Oceânico, no Recreio dos Bandeirantes, 600 mil m².

Segundo Giffoni, já há estudos para levar os multiúso de grande porte para Campo Grande, bairro periférico na cidade.

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