Shiller já alertou para bolha imobiliária no Brasil

Alta dos preços dos imóveis no Rio e em SP fez economista premiado com o Nobel chamar a atenção para-o risco

Em agosto, na última passagem pelo Brasil, o economista Robert Shiller disse que temia a existência de uma bolha imobiliária no País. A preocupação tem como base o forte aumento do preço dos imóveis principalmente no Rio e em São Paulo. Em cinco anos, eles dobn ram de valor, disse Shiller em Campos do Jordão, durante o 6.° Congresso Internacional de Mercados Financeiros e de Capitais realizado pela BM&F Bovespa. “Os preços de imóveis no Brasil lembram o que ocorreu no Japão nos anos 1980”, afirmou.

Shiller também ressaltou que não tinha evidências sobre a bolha, mas era dever dele alertar sobre o risco. “Eu posso estar errado”, disse. “Mas há interesses de muitas pessoas em não admitir que há uma suspeita de bolha de imóveis no Brasil”, destacou. “Porém, em 2005, quando chamei a atenção que havia o risco de estouro de uma bolha de imóveis nos EUA também recebi comentários bravos em relação ao que falei.”

Além de chamar a atenção das autoridades governamentais com o comentário, o economista afirmou que o Poder Executivo pode atuar para evitar que ocorra uma bolha de imóveis no Brasil “Uma delas é remover barreiras para os financiamentos”, afirmou. “Outra questão é uma postura mais conservadora para que os financiamentos sejam concedidos somente às pessoas que têm condições de arcar com tais despesas para a compra de uma casa”, disse.

O tom negativo da fala de Shiller revela uma mudança gradual de humor com o Brasil. Em 2010, em entrevista ao Estado, o otimismo era grande.

“Eu tenho sido muito otimista em relação ao Brasil desde que visitei o País alguns anos atrás. Minha impressão é a de que o Lula está tendo uma boa gestão e de que há muito potencial. O Brasil é uma grande força econômica, e vive um momento positivo muito forte. Aliás, eu já investi num fundo de ações brasileiras, com bom resultado”, disse à época.

Em 2012, em nova entrevista ao Estado, o economista já sinalizava uma descrença maior e enxergava um “certo excitamento na economia”. “Tive a impressão de que há um certo excitamento acontecendo no Rio e em São Paulo. Mas há bolhas em várias partes do mundo (…) Mas, quanto ao Brasil, eu não entendo algumas coisas. Por exemplo, como pode haver taxas de juros tão altas por tanto tempo? Ainda está na minha agenda entender isso.”

TRÊS NORTE-AMERICANOS GANHAM NOBEL DE ECONOMIA

ESTOCOLMO – O norte-americanos Eugene Fama, Lars Peter Hansen e Robert Shiller ganharam o Prêmio Nobel de Economia nesta segunda-feira por desenvolverem novos métodos para estudar tendências nos mercados de ativos.

A Real Academia Sueca de Ciências disse que os três criaram a base para o atual entendimento dos preços dos ativos. Ainda que seja difícil prever quando os preços das ações ou dos bônus vão subir ou cair no curto prazo, é possível estimar os movimentos durante períodos de três anos ou mais, afirmou a academia.

“Estas descobertas, que podem parecer surpreendentes e contraditórias, foram feitas e analisadas pelos laureados deste ano”, afirmou a Real Academia.

Eugene Fama, de 74 anos, e Lars Peter Hansen, de 60 anos, são associados com a Universidade de Chicago. Já Robert Shiller, de 67 anos, é professor na Universidade de Yale.

Nos últimos anos, pesquisadores norte-americanos dominaram os prêmios de economia. A última vez em que um cidadão de outro país estava entre os vencedores foi 1999.

Com o prêmio de economia, os comitês do Nobel já anunciaram os ganhadores de todas as seis categorias de 2013.

Diferentemente de medicina, química, física, literatura e o Nobel da paz, o prêmio de economia não foi criado por Alfred Nobel em 1895. O banco central da Suécia adicionou economia aos prêmios em 1968, em memória a Alfred Nobel. Fonte: Associated Press.

 

Origem: O Estado de S. Paulo, 15/10/2013