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Construtoras apostam em presentes e serviços para atrair mais clientes

Mimos funcionam como diferencial na hora de fechar a venda

Cristiane Campos

Construtoras, como a Calper, oferecem mimos para os clientes em seus empreendimentos Foto: Divulgação

Armários na cozinha, nos quartos e banheiros. Equipamentos de segurança. Projetos de decoração desenvolvidos por renomados escritórios de arquitetura. Apartamentos mobiliados e com eletrodomésticos. Pontos de recarga de bicicletas e carros elétricos. Estes são apenas alguns dos exemplos de mimos oferecidos por construtoras do Rio para garantir a venda de um novo imóvel. Diante da grande concorrência, cada vez mais presentear o cliente pode fazer toda a diferença.

No residencial Grand Village, na Freguesia, da Fmac, por exemplo, as unidades serão entregues com armários na cozinha, nos quartos e banheiros. Já as varandas gourmet serão entregues com bancada de granito, cuba de inox e churrasqueira a gás. Outros dois diferenciais: os apartamentos vêm com infraestrutura completa para ar condicionado split e os moradores vão ter à disposição bicicletas para passear.

“Esses benefícios podem ser cruciais na hora de escolher um imóvel. Além de se sentir prestigiado, o compra dor economiza, adquirindo um imóvel com mais valor agregado. Ambos os lados saem ganhando”, argumenta Fróes, diretor de contas imobiliárias da Percepttiva, que vem apostando nesse tipo de diferencial.

A construtora Brookfield concorda com esta linha de raciocínio. Tanto que está dando armários para quartos, sala, cozinha e banheiro para quem comprar unidade do Union Home, o residencial que faz parte do primeiro mixed use da empresa no Rio, o Union Square. Já no Damai Residences & Lifestyle, no Recreio, o mimo é o projeto de decoração, que pode ser escolhido entre os apresentados pelos badalados escritórios de arquitetura Ivan Rezende, Tannus & Santini ou Tavares Duayer.

Ponto de recarga de bicicleta

Já pensou em ter no seu prédio pontos de recarga de bicicletas e carros elétricos? E ainda receber o apartamento totalmente mobiliado? Pois a Calper aposta nesta ideia para ajudar a vender o Frames Vila da Mídia, no Recreio. Além disso, os futuros mora dores terão uma academia administrada pela Companhia Athletica.

Já no Outside, residencial da Leduca, no Recreio, além de receberem o imóvel mobiliado e com fechadura biométrica, os futuros moradores vão ter à disposição bicicletas para passeios. No Choice, da Calçada, também no Recreio, o mimo serão armários planejados da Dell Anno, para quartos, cozi nua e banheiro, além de eletrodomésticos e ar condicionado.

Em Mangaratiba e Petrópolis

Não é apenas no Rio que clientes ganham mimos das construtoras. A Efer, por exemplo, vai entregar as coberturas do Porto Real Suítes, em Mangaratiba, mobiliadas e com eletrodomésticos. Entre os itens estão fogão, geladeira, micro-ondas, TV Led 32, sofá, ar condicionado, tapete e conjunto de cama box de casal e de solteiro. Já os apartamentos serão entregues com armários nos quartos, banheiros e cozinha. O empreendimento está na reta final de construção e terá infraestrutura completa de lazer e segurança, dentro do resort Porto Real.

Em Petrópolis, quem comprar uma unidade nos edifícios Lucca, da João Fortes Engenharia, terá armários gratuitos. Os dois prédios foram lançados e completam o empreendimento de alto luxo Quinta Verti  CLub Residenziale, em Nogueira, distrito de Petrópolis. Os edifícios Lucca terão ao todo 48 unidades.

 

Balanço verde: certificações pelo selo Leed aumentaram 51% em 2013

Crescimento tanto de registros quanto de certificações Leed nos últimos anos GBC/Arte O Globo

Número de pedidos de registro subiu 27%. Dados do GBC Brasil mostram que, no ano, a cada três dias úteis dois novos projetos foram apresentados

A cada ano, as construções se tornam mais verdes no país. De acordo com balanço divulgado esta semana pelo Green Building Council (GBC), o país fechou 2013 com 829 pedidos de registro ao selo internacional sustentável Leed (sigla em inglês para Liderança em Energia e Design Ambiental). E teve 126 certificações concedidas. No primeiro caso, o aumento em relação a 2012 é de 27%. Quando à concessão de selos, o crescimento chegou a 51%.

Já na comparação com os últimos dois anos, o número de registros praticamente dobrou e o de certificados triplicou. No fim de 2011, eram 432 pedidos e 41 selos. E, segundo a organização, o GBC Brasil registrou dois novos projetos no processo de certificação a cada três dias úteis do mês.

No ranking mundial de pedidos de certificação, atualmente o país ocupa a quarta posição, atrás de Estados Unidos, China e Emirados Árabes e à frente do Canadá. Mas, segundo o diretor-gerente da instituição no Brasil, Felipe Faria, a expectativa é de alcançar a terceira colocação ainda no primeiro semestre de 2014.

Em outros países, a participação verde com base em critérios do Green Building chega a 20% do PIB da construção, em termos de valor de mercado destas edificações. Um estudo recente da empresa de consultoria EY, a antiga Ernest Young, mostra que a construção sustentável, tendo como base o valor de mercado das edificações registradas ou certificadas Leed, representa 9% no Brasil.

Brasil vai sediar congresso mundial

Aliás, em 2014 não são apenas os olhos dos apaixonados por futebol que estarão no Brasil. Em agosto, o país também será a sede do Congresso Mundial do World GBC e vai reunir em São Paulo mais de cem representantes e líderes da construção sustentável de todo o mundo.

Outro projeto que deve ser concluído no próximo ano é o Referencial GBC Brasil Casa, em que nove projetos pilotos serão usados como parâmetros nacionais de viabilidade, economia e técnica de sustentabilidade.

— Há muita expectativa na disseminação das práticas e oportunidades da construção sustentável em 2014, por conta do ingresso do movimento no maior volume construtivo do país, que é o setor residencial — diz Faria.

Reaproveitamento total da água

Construtoras cariocas saem na frente e apostam na iniciativa que está perto de virar lei

Cristiane Campos

Para acabar com o desperdício de água potável, o Senado analisa projeto de lei para incentivar condomínios residenciais e comerciais, além de prédios públicos, a implantar sistemas de coleta, armazenagem e uso de águas pluviais. O projeto prevê a redução de 50% na taxa do serviço público de drenagem pluvial urbana para os edifícios e casas que tiverem sistema de captação de água da chuva. Além disso, propõe a criação de programas para incentivar a adoção de medidas para acabar com vazamentos na rede de abastecimento, e a instalação de dispositivos que economizam água, como bacias sanitárias de volume reduzido de descarga. Enquanto o tema é tratado pelo Legislativo, construtoras do Rio já saíram na frente, adotando medidas neste sentido.

Fachada do empreendimento Portal de Itaipu, da Pinto de Almeida, que terá iniciativas sustentáveis Foto: Divulgação

A Pinto de Almeida, por exemplo, conta com um Comitê de Sustentabilidade, que define as iniciativas sus tentáveis que serão incorporadas nos projetos. E a água das chuvas é reaproveitada para a limpeza das áreas comuns e rega dos jardins do condomínio. O residencial Portal de Itaipu, lançado em 2011, foi o primeiro a adotar a iniciativa, que agora se estende aos projetos atuais.

“Hoje, além de uma boa planta e qualidade no acaba mento dos imóveis, a preocupação com o meio ambiente é um dos itens relevantes para a concepção dos novos projetos. O consumidor está mais consciente e a opção por empreendimentos que ofereçam serviços ecologicamente sustentáveis é um diferencial”, afirma Naum Ryfer, diretor da Pinto de Almeida.

Piscina do condomínio Bella Vita que será construído pela Vitale Foto: Divulgação

Uso para Lavar carros e Limpar pisos

A Cury é outra construtora que adotou a reutilização das águas da chuva para uso nas áreas comuns dos condomínios em seus empreendimentos. Os projetos Mérito Engenho Novo, Estação Zona Norte, Completo Campo Grande, Dez Rocha Miranda e Completo Zona Norte contam com caixas coletoras para a captação. A água captada é usada para limpeza de pisos e calçadas, lavagem de carros e irrigação das áreas verdes.

O mesmo vai ocorrer no residencial Bella Vita, da Vitale, em Madureira. O empreendimento também terá reservatório para águas pluviais. Outras construtoras que já adotam o sistema de captação de água da chuva em seus projetos residenciais são a Calçada, a Leduca e a Calper.

Apartamentos doados são vendidos ilegalmente

Imóveis saem por R$ 60 mil no mercado negro. Mas quem comprou será retirado

Os apartamentos doados pela Prefeitura em Triagem para moradores de áreas de risco em favelas estão sendo vendidos por algumas famílias beneficiadas. No ‘mercado negro’, o imóvel do Bairro Carioca é comercializado por R$ 60 mil, sem escritura, mas com a transação registrada em cartório. É possível negociar até em parcelas e, no caso de dinheiro na mão, o preço pode cair para R$ 58 mil. A denúncia chegou ao DIA e foi confirmada. A Caixa Econômica Federal informou que, comprovada a ocupação irregular, o contrato é cancelado e a unidade passada para outra família.

A prefeitura disse que apenas repassa as moradias e que a Caixa é que tem o poder para retirar o imóvel em caso de desvio de uso. Os apartamentos têm dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço e foram entregues gratuitamente a famílias com renda de até R$ 1,6 mil. No conjunto popular, há Clínica da Família, escola, área de lazer e mercado.

O Bairro Carioca, em Triagem, ficou pronto em 2012: ele tem 2. 240 moradias, distribuídas em 112 prédios. Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia

O Bairro Carioca, em Triagem, ficou pronto em 2012: ele tem 2. 240 moradias, distribuídas em 112 prédios.

Para comprar um dos imóveis, é preciso garantir, antes de tudo, sigilo na transação. Após minutos de conversa, no entanto, os moradores se soltam e contam os motivos de sair de Triagem.

“Eu queria continuar aqui, mas eu não me adaptei. Quero ir embora para ficar perto da minha família que ficou lá no morro”, afirmou um morador, que disse também que os R$ 40 de condomínio e os R$ 15 de gás têm pesado nas despesas domésticas.

As razões para ‘negociar’ o apartamentos são as mais diversas. Uma família quis voltar para a comunidade de onde foi retirada pela Prefeitura, porque, com o dinheiro da venda, queria montar uma mercearia na favela. Conseguiu, segundo moradores ouvidos. A proposta oferecida aos interessados é fazer uma procuração, em que o titular do apartamento repassa ao comprador os direitos do imóvel.

“Você pode dizer que é meu parente. Nunca vi fiscalização aqui (da Prefeitura). Se tivesse…”, ironiza um morador. O Bairro Carioca tem 2.240 moradias, distribuídas em 112 prédios. O empreendimento foi construído pelo programa Minha Casa, Minha Vida, em parceria com o governo federal.

Famílias têm que esperar dez anos para negociar

Pelo contrato que assinam com a Caixa Econômica Federal, os moradores do Bairro Carioca não podem alugar, vender ou ceder os apartamentos recebidos durante dez anos. Se desrespeitarem as regras do documento, eles são obrigados a devolver o imóvel, que é repassada para outra família.

A Caixa informou que as denúncias que chegam sobre ocupação irregular no Bairro Carioca são checadas. Dos casos que eles já tiveram registro para averiguar, nenhum foi confirmado até o momento.

Inaugurado em 2012, com a presença da presidenta Dilma Rousseff, o condomínio chegou a ser criticado porque apresentou problemas, como rachaduras, no ano seguinte. Apesar disso, é apontado com um dos melhores conjuntos do Minha Casa, Minha Vida da cidade. No local, há rampas de acesso a cadeirantes e apartamentos adaptados, estacionamento com vagas para portadores de necessidades especiais e mais de 450 árvores plantadas.

Entrevista com o novo Presidente do IAB-RJ, arquiteto e urbanista Pedro da Luz Moreira

Concursos dariam transparência, afirma novo presidente do IAB-RJ

Pedro da Luz defende discussão pública sobre as mudanças na cidade

Natanael Damasceno

À frente do IAB-RJ, Pedro da Luz defende que as mudanças sejam pensadas de forma mais holística e menos segmentada

Há um mês à frente da seção fluminense do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ), o arquiteto e urbanista Pedro da Luz Moreira defende a adoção de concursos para obras públicas como forma de dar mais transparência ao processo que está redesenhando a cidade. Ele defendeu que as mudanças sejam pensadas de forma mais holística e menos segmentada. E citou os BRTs e as obras do Porto Maravilha como bons exemplos de projetos para melhorar a mobilidade na cidade e evitar a dispersão da população sobre seu território.

— Numa cidade mais compacta, a democratização dos serviços de infraestrutura é mais fácil e mais barata — afirma.

Pedro da Luz se formou em 1983 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da UFRJ, onde também fez mestrado e doutorado. Hoje é professor adjunto da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense. Além disso, assumiu em 2010 a coordenação do Programa Morar Carioca, projeto que pretende urbanizar todas as favelas do Rio de Janeiro até 2020, pelo IAB-RJ.

Vice-presidente da instituição desde 2010, Pedro da Luz, de 54 anos, assume o mandato com a promessa de transformar a sede do IAB-RJ num ponto de encontro para os arquitetos do estado, de forma a atrair uma nova geração de talentos e ampliar o debate sobre o futuro das cidades. Segundo ele, o diálogo e a discussão das obras ainda na fase dos projetos poderiam evitar equívocos e desperdícios.

— O projeto deveria ser protagonista, e não é o que acontece hoje. Essa fase inicial de uma obra deveria ser mais transparente, permitindo que a sociedade possa dar sua opinião sobre os projetos. Um projeto bem pensado, bem discutido, tem uma execução mais fácil — defende o arquiteto, que responderá pelo IAB-RJ até 2016.

CORPO A CORPO

O GLOBO: O senhor assumiu o IAB-RJ com a promessa de ampliação do debate sobre as cidades e o estímulo ao aumento do número de concursos para projetos públicos. Uma coisa está ligada à outra?

PEDRO DA LUZ: Claro. Adotar mais concursos significa ampliar a transparência das obras públicas no Brasil. Vemos que hoje há uma série de problemas: orçamentos que estouram, prazos dilatados. Deveríamos ter uma cultura que enfatizasse a fase dos projetos, do planejamento. Antes de se fazer qualquer obra, a sociedade deveria poder dizer o que quer. Tome o Maracanã como exemplo: se houvesse discussão antes da execução, muitos problemas poderiam ter sido evitados. Os concursos não chegam a ser uma garantia de que não haverá problemas, mas o debate suscitado por eles garante mais transparência.

Não será difícil implantar essa nova cultura?

Sem dúvida. Temos setores influentes, como as empreiteiras, aos quais não interessa ter o projeto como protagonista de uma obra. Mas chegamos a um ponto em que essa discussão deve ser abordada.

O que o senhor acha do momento pelo qual passa o Rio, que tem regiões sendo totalmente remodeladas?

Existem projetos que temos de aplaudir. A Transolímpica, a Transcarioca e a TransBrasil são esforços que vão ao encontro de um dos princípios que defendemos para todas as cidades, que é a mobilidade efetiva para todos. Já as obras que envolvem o porto caminham no sentido de enfatizar a densidade populacional da cidade. Por outro lado, acho que há projetos inadequados, como as obras na Barra, o conjunto habitacional da Rua Frei Caneca, que merecia um cuidado maior, e a série de pontes estaiadas que estão surgindo na cidade.

Como aproveitar projetos que se mostram inadequados à realidade da cidade?

Há sempre formas de se integrar. Se hoje já houvesse essa cultura do projeto, do debate, alguns problemas seriam evitados. Mas sou otimista e acho que o tempo vai ajudar. O debate vai se aprofundar e isso vai acabar se resolvendo no futuro.

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