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BNDES vê mais R$ 36 bi em investimento

Banco projeta que a indústria vai investir mais de R$ 700 bilhões no quadriênio 2014-2017; setor de papel e celulose puxou o crescimento

Vinicius Neder

A projeção de investimentos na indústria mapeados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o período de 2014 a 2017 aumentou em R$ 14,5 bilhões, numa recente revisão parcial do levantamento, inicialmente divulgado em outubro passado. A revisão definitiva do estudo dos economistas do banco de fomento deverá acrescentar mais R$ 36 bilhões, elevando o total para R$ 733 bilhões.

A atualização do mês passado, apresentada pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, no Senado, projeta R$ 697 bilhões em investimentos na indústria. A revisão definitiva será publicada em cerca de 30 dias, segundo o superintendente da Área de Pesquisa e Acompanhamento Econômico (APE) do BNDES, Fernando Puga.

Na revisão parcial, o setor de papel e celulose puxou o crescimento, seguido pelas indústrias aeronáutica e extrativa mineral, e pelo setor químico – apesar das dificuldades do último. Na revisão definitiva, os destaques serão o setor de petróleo e gás e a siderurgia.

A projeção de investimentos na indústria de petróleo e gás deverá subir em R$ 30 bilhões. “Do total projetado para o setor, 60% dos investimentos vão para exploração e produção, com destaque para o pré-sal”, diz Puga, sem dar detalhes.A revisão definitiva dos números divulgados em outubro incluirá parte dos investimentos na exploração do prospecto de Libra, leiloado ano passado. Estudo da consultoria IHS, uma das maiores do setor de petróleo e gás, preparado antes do leilão, estimou os investimentos em Libra em US$ 400 bilhões, ao longo dos 35 anos de licença. A Petrobrás, líder do consórcio, teria que arcar com 40% do total ou US$ 160 bilhões.

Na revisão do mês passado, o grande destaque é o setor de celulose. A projeção saltou de R$ 18,6 bilhões para R$ 26 bilhões. Vários projetos de investimento foram confirmados. A indústria de celulose é competitiva internacionalmente, por ter uma combinação terras disponíveis para plantar eucalipto e tecnologia agrícola avançada.

Celulose avança. Segundo Carlos Farinha, vice-presidente para o Brasil da consultoria Poyry, especializada no setor, os projetos de investimento – entre recém-inaugurados, em implementação e já anunciados – do Brasil deverão adicionar 9 milhões de toneladas em capacidade de produção de celulose de fibra curta. É um terço do mercado global. “É difícil concorrer com o Brasil”, disse. Entre projetos concluídos, a Suzano inaugurou oficialmente ano passado a fábrica de Imperatriz (MA), projeto de R$ 6 bilhões. Já a Klabin lançou, também mês passado, a pedra fundamental da fábrica em Ortigueira (PR), aporte de R$ 5,8 bilhões.

Na indústria aeronáutica, a projeção do BNDES passou de R$ 9,4 bilhões, na primeira versão do levantamento 2014-2017, para R$ 14 bilhões, na atual versão. O plano de investimentos da Embraer é o destaque nessa área.

Em fevereiro, o BNDES aprovou empréstimo de R$ 1,411 bilhão para o desenvolvimento da nova geração dos jatos comerciais E-Jets (E2) e do jato executivo Legacy 500, projeto de US$ 1,7 bilhão, em oito anos.

Já a projeção para a indústria química passou para R$ 26 bilhões, em comparação aos R$ 24,8 bilhões previstos anteriormente. Segundo Puga, alguns projetos no setor de fertilizantes foram confirmados.

Por outro lado, Fernando Figueiredo, presidente executivo da Abiquim, entidade representante do setor, destaca que esses investimentos estão a cargo da Petrobrás e são feitos mais por seu caráter estratégico do que pela rentabilidade.

No médio prazo, o setor privado tem investido pouco, US$ 4 bilhões por ano, apenas para tentar manter sua participação de mercado – um terço do mercado nacional é suprido por importações. Segundo um estudo da Abiquim, o mercado brasileiro tem potencial para receber US$ 167 bilhões em investimentos em dez anos.

Gás de xisto. A indústria nacional sofre com mudanças no cenário internacional do setor, provocados pela revolução energética nos EUA – a exploração do gás de xisto (shalegas) barateou o principal insumo dessa indústria, dando competitividade aos norte-americanos. Apesar disso, Figueiredo é otimista. “Se resolvermos os gargalos, a indústria química será o segmento mais brilhante nos próximos dez anos”, diz. Os gargalos são o custo-Brasil para investir (incluindo impostos), a falta de uma política pública de preços para a principal matéria-prima (o gás natural), o custo da eletricidade e a infraestrutura precária.

Rachaduras preocupam moradores de Ipanema

Vizinhos da obra da Linha 4 do metrô afirmam que Tatuzão está causando trepidações e fissuras em prédios

Elenilce Bottari

RI Rio de Janeiro (RI) 17/04/2014 – Obras da Linha 4 do Metrô. Trepidações e rachaduras assustam moradores de prédios e casas na rua Barão da Torre, Ipanema. Foto: Marcelo Piu / Agência O Globo Marcelo Piu / Fotos de Marcelo Piu

Toda vez que o Tatuzão, máquina de perfuração usada nas obras da Linha 4 do metrô, entra em ação, moradores da Rua Barão da Torre, em Ipanema, perdem o sono. Cinco meses após o início das operações com o equipamento, eles reclamam de constantes trepidações e de fissuras em estruturas de prédios da região. Os moradores também se queixam da falta de informações sobre o monitoramento de eventuais danos e das paralisações e dos atrasos da obra. O clima de tensão se agravou na última semana, quando técnicos que trabalham na expansão do metrô pediram a porteiros dos edifícios no trecho entre os números 140 e 98 que informassem qualquer anormalidade imediatamente.

— Eles aumentaram o número de vistorias, mas não explicam nada e pedem para a gente avisar rapidamente sobre qualquer problema. No meu prédio, fizeram este alerta à noite, ao porteiro. Estamos com fissuras em paredes e na calçada e o que sabemos, informalmente, é que há um problema de infiltração no subsolo. Estão trocando as manilhas que já haviam sido colocadas. A obra, que era para durar seis meses, já se arrasta há dez e o Tatuzão mal saiu do lugar — diz o proprietário Gilberto Menezes Côrtes.

Moradora da vila número 110, Eni Wildgrub conta que já saiu de casa de madrugada com medo da trepidação.

— A sensação é de que a casa vai abaixo. Em fevereiro, cheguei a chamar a Defesa Civil, mas técnicos do órgão informaram que só atuam em casos de retirada de moradores e me orientaram a reunir um grupo para cobrar providências. Nos últimos dias, aumentou o número de rachaduras — afirma Eni, que faz questão de mostrar várias fissuras, sendo que uma pode ser vista, em linha horizontal, nas quatro paredes de um dos quartos de sua casa.

O pastor Pedro Alonso Puentes Reyes, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, no número 98, reclama da falta de treinamento para a vizinhança em caso de emergência.

— Estamos com rachaduras no chão e em uma das paredes. Os técnicos nos pediram que ficássemos atentos a novas rachaduras. Mas essa responsabilidade não deveria ser nossa. Temos aqui cem crianças na creche comunitária. Qual é a orientação que podemos dar aos pais e funcionários? Só queríamos que, oficialmente, o consórcio informasse se a situação é preocupante ou não — critica o pastor.

síndico denuncia infiltração

Síndico do número 85, Paulo Labre contou que há duas semanas surgiu uma rachadura de alto a baixo de um muro de dez metros nos fundos do prédio. Além disso, apareceram dois buracos na entrada do edifício.

— Nós acabamos de reformar esse muro e, em duas semanas, apareceu essa rachadura. Meu apartamento também apresenta fissuras. Outros moradores reclamam do mesmo problema. Um dia, todos moradores do prédio desceram com medo da trepidação — afirmou Labre, acrescentando que o problema seria consequência de uma infiltração no subsolo.

No número 140 da Barão da Torre, é possível ver um afastamento entre um muro e o edifício. No prédio número 138, há uma fenda numa das paredes externas.

O consórcio Linha 4 Sul informa, em nota, que “os assentamentos superficiais e fissuras são intrínsecos ao processo” e que estão “dentro da normalidade e sendo monitorados”. O consórcio nega que a obra esteja sendo refeita, como afirmam moradores sobre a troca de manilhas, e afirma que o Tatuzão opera nas condições planejadas.

De acordo com o consórcio, a vistoria nos imóveis é um procedimento de rotina, realizado para verificar as condições estruturais dos edifícios antes das escavações.

“No início das intervenções, as análises eram semanais. Com o andamento da obra, elas podem ser realizadas várias vezes ao dia”, diz o consórcio, acrescentando que todas as medições feitas estão dentro dos limites esperados.

A empresa não divulgou o cronograma de obras e não informou se o Tatuzão se desloca 18 metros por dia, conforme anunciado em dezembro, no início das operações.

Preço médio de imóveis em Nova York se aproxima do pico pré-crise de 2008

Na cidade americana, como no Rio, comprar o imóvel dos sonhos é difícil até para quem tem um milhão na conta

Apartamento de um quarto em prédio com serviços a apenas um quarteirão do Museu Guggenheim: US$ 975 mil, ou R$ 2,17 milhões Emily Andrews/ New York Time

NOVA YORK. Ter um milhão, de dólares ou reais, na conta, definitivamente não é para qualquer um. Mas, nem por isso, é fácil a vida de quem tem esse dinheiro disponível. Em especial, se o dono da bolada estiver procurando por um apartamento. Se for carioca e quiser um imóvel na Zona Sul da cidade, até vai encontrar. Mas apenas em alguns bairros. Três quartos, por exemplo, só, com muito custo, em Botafogo, Flamengo e Laranjeiras. Se a busca for por um dois-quartos, o comprador pode ter mais sorte, mas provavelmente vai ver alguns imóveis em péssimo estado.

Agora, se o comprador em questão estiver em Nova York, e seu milhão for verdinho, sua busca também tende a ser longa, embora, por lá, os apartamentos de US$ 1 milhão, ou menos, ainda sejam a maioria dos imóveis disponíveis para venda: cerca de 52%. Mas esse número vem diminuindo significativamente. Um ano atrás, eles eram 60% do total. E há dez, 71%.

Uma das muitas nova-iorquinas em busca de um novo lar, a escritora Patricia Marx vem penando para encontrar o seu novo canto. Mesmo tendo cerca de US$ 1 milhão (R$ 2,25 milhões) disponível em sua conta. Como contou ao jornal New York Times (NYT), a escritora e o marido começaram procurando um dois-quartos, com dois banheiros em Manhattan, mas o casal logo se deu conta que suas opções eram bastante limitadas.

Primeiro, os dois encontraram um apartamento num prédio charmoso com cinco andares, sem elevador — o que é bastante comum em Nova York —, em Gramercy, região central de Manhattan. Mas, para chegar ao segundo quarto, era preciso praticamente escalar uma escadaria.

“Era perfeito para alguém que quisesse se esconder. Ou não pretendesse sair de casa”, contou ela ao NYT.

Depois, o casal encontrou um imóvel até chique, de apenas um quarto, na região de Flatiron District, mas ele foi vendido antes que eles conseguissem vê-lo pessoalmente.

Tanto lá, como aqui, o que faz essa busca tão complicada são basicamente dois motivos: preços em alta e escassez de ofertas. No primeiro trimestre do ano, um levantamento feito pela imobiliária Douglas Elliman mostrou que o preço médio de venda em Manhattan chegou a US$ 972.428 (R$ 2,18 milhões), 18,5% a mais que no mesmo período do ano passado, e apenas 5% abaixo do pico de US$ 1,02 milhão (R$ 2,27 milhões) atingido no segundo trimestre de 2008. Ou seja, meses antes da crise econômica global. Aquela foi a única vez que o preço médio na cidade ultrapassou a barreira do milhão.

Por aqui, o índice FipeZap, que acompanha os preços por metro quadrado na cidade, mostra que o preço médio do metro quadrado em março ficou em R$ 10.468, na cidade — o que significa que um apartamento de 100 metros quadrados custa em torno de R$ 1,04 milhão. Nos bairros da Zona Sul, contudo, esse valor é ainda maior. No Leblon, o mais caro do país entre os pesquisados pelo índice, o metro quadrado chegou a R$ 22.116.

Corrida contra o tempo para concluir o Arco Metropolitano

Estado diz que entregará em maio trecho de 71,2Km, mas parte federal só em 2016

Fernanda Pontes

Operários trabalham na construção de um viaduto do Arco Metropolitano, em Itaguaí, cujas obras correm contra o tempo para a inauguração em maio. Segundo o estado, 95% do trecho sob sua responsabilidade já estão prontos Márcia Foletto / Agência O Globo

RIO E SÃO PAULO – Entre vacas, cavalos e muita lama, começa a se concretizar uma das maiores e mais importantes obras viárias para a economia do estado: o Arco Metropolitano. O governo estadual garante que o trecho de 71,2 quilômetros entre Duque de Caxias e Itaguaí, que está sob sua responsabilidade, será inaugurado em 30 de maio, o que significará um atraso de quatro anos. E vai custar quase o dobro do previsto: R$ 1,9 bilhão. O traçado completo, no entanto, só deve ficar pronto em dezembro de 2016, com a duplicação da rodovia entre Magé e Manilha (BR-493), que está a cargo do governo federal e cujas obras sequer começaram.

Considerada uma obra estratégica por fazer a ligação de quatro polos industriais, o Arco Metropolitano vai cortar inicialmente cinco municípios: Caxias, Nova Iguaçu, Japeri, Seropédica e Itaguaí. A expectativa é que sejam retirados do trânsito da Avenida Brasil e da Via Dutra mais de dez mil carretas e outros 22 mil veículos leves por dia, desafogando o principal eixo viário da capital.

— O arco é essencial para o escoamento da produção de polos industriais. Ele é estratégico porque vai baratear o custo da carga no estado em até 30% e gerar um milhão de empregos nos próximos dez anos — diz o secretário estadual de Obras, Hudson Barga. — O Arco Metropolitano, que ficou conhecido por esse nome devido ao seu formato, vai se chamar Raphael de Almeida Magalhães, uma homenagem ao político, morto em 2011.

O prazo para a inauguração é considerado curto por operários e engenheiros que trabalham no projeto. Com as chuvas recentes que caíram no estado, ainda há muita lama no caminho, principalmente nas vias de acesso. Viadutos de grande porte ainda não foram concluídos e, para completar o cenário de incertezas, 1.500 trabalhadores da Odebrecht entraram em greve no dia 4 de abril, comprometendo as obras no trecho de Duque de Caxias, que estão sendo executadas pela construtora. O viaduto de Vila de Cava, por exemplo, ainda nem foi erguido.

— O sinal vermelho acendeu em alguns pontos da rodovia, como o viaduto de Vila de Cava. Também tivemos essa greve, mas vamos inaugurá-lo no prazo — garante Hudson.

A pressa em finalizar a obra tem motivos políticos. A presidente Dilma Rousseff pretende vir ao Rio inaugurar a obra ao lado do governador Luiz Fernando Pezão antes do início do período eleitoral, que começa em 5 de julho.

A quase um mês da inauguração, O GLOBO percorreu grande parte dos 71,2 quilômetros do trecho do Arco Metropolitano sob a responsabilidade do estado. Como em alguns pontos não é possível passar, o veículo utilizou rotas alternativas sete vezes. O atraso é visível nos viadutos metálicos. A própria Odebrecht sustenta que só será possível entregá-los em junho. Também há poucas passarelas. Mãe de quatro filhos e moradora de Nova Iguaçu, Elisângela Galvão, 24 anos, diz que não tem como levá-los à escola:

— A rua onde moro deixou de existir e minha casa ficou isolada. Para chegar do outro lado, só com uma passarela.

A má impressão causada por alguns trechos da rodovia é compensada com a chegada em municípios como Japeri e Seropédica. Nessas cidades, os dois sentidos do arco parecem prontos, e operários já fazem o assentamento do gramado. Ao final do arco, em Itaguaí, uma surpresa: a estrada de terra termina num matagal. A interligação com a Rio-Santos, de cerca de 300 metros, que será executada pela União, ainda está em fase de terraplanagem. O prazo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para a entrega da obra é 15 de junho.

Os moradores da Rua Euclides de Andrade, justamente por onde passará o final do traçado, ainda estão negociando indenizações para sair de seus imóveis. O aposentado José Antônio Batista, por exemplo, discordou do valor:

— Entendo que essa obra é importante, mas eu vivo aqui há 37 anos e no meu terreno tenho três casas e uma piscina. Com o dinheiro que eles querem me pagar, não compro nada.

Se o cenário não é dos melhores no lado de Itaguaí, no outro lado a situação é ainda pior. As obras do trecho Magé-Manilha, que serão executadas pelo governo federal, só começam em agosto. Nos 22 quilômetros, serão gastos R$ 405 milhões.

O investimento na parte da obra feita pelo estado, aliás, ficou bem acima do planejado. Orçado em R$ 965 milhões em 2008, o trecho custará R$1,9 bilhão, pagos com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), numa parceria com a União. O aumento do custo deve-se a reajustes contratuais (R$ 265 milhões) e à execução de projetos complementares. Entre eles, a reformulação de viadutos sobre os gasodutos da Petrobras, que custou R$ 250 milhões. A ampliação das alças de acesso no entroncamento da BR-040 recebeu R$ 70 milhões.

A complexidade da obra também pesou. Três mil imóveis foram desapropriados — ainda restam 11. No caminho, lagoas, rochas e até a perereca Physalaemus soaresi, que paralisou um trecho por um ano e meio. Os trabalhos só foram retomados depois que se decidiu fazer uma ponte de R$ 12 milhões sobre o lago, habitat da espécie. Nas escavações, ainda foram encontrados 68 sítios arqueológicos com 170 mil peças.

— O prazo inicial foi ousado, mas sem ousadia, a gente não faz nada — prega Hudson.

Em São Paulo, rodoanel fica pronto em dois anos

O governo do estado de São Paulo pretende entregar, em março de 2016, o último trecho do Rodoanel Mário Covas. A obra viária, de cerca de 180 quilômetros, liga as dez rodovias que chegam à capital e permite que caminhões e carros acessem o Porto de Santos e o Aeroporto Internacional de Guarulhos sem precisar entrar na cidade. Os serviços começaram em 1998 e devem consumir cerca de R$ 15 bilhões.

Passados 16 anos do início das obras, apenas dois (oeste e sul) dos quatro trechos planejados pelo governo estão em operação, ligando sete estradas. O terceiro ramal deve ser inaugurado até julho. Pelos trechos oeste e sul do rodoanel passam atualmente 143 mil veículos por dia. O governo estima que o movimento de caminhões caiu 37% na Avenida dos Bandeirantes e 43% na Marginal Pinheiros, após a inauguração das duas obras.

Além do tamanho da obra e do alto investimento, dividido entre financiamentos internacionais e os governos estadual e federal, a dificuldade de desapropriar terrenos e de conseguir licenças ambientais são apontadas pelo governo como justificativas para os atrasos.

Para tentar minimizar o impacto ambiental, o ramal norte terá sete túneis. As obras, que tiveram contrato assinado em março de 2013 e têm financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), enfrentam forte resistência de ambientalistas, que tentam barrar os trabalhos na Justiça. O trecho, de 44 quilômetros, vai ligar o rodoanel ao Aeroporto de Guarulhos e deve tirar 17 mil caminhões por dia da marginal Tietê.

Inicialmente previsto para ser entregue em março deste ano, o trecho leste, com 43,3 quilômetros, está atrasado.

O anel viário começou a ser construído pelo trecho oeste, uma via expressa de 32 quilômetros. Desde 2008, o pedágio é cobrado na estrada. Em 2007, começou a ser feita a parte sul, que tem 61 quilômetros e está concluída.

Obras de Burle Marx no Rio estão degradadas

Dez de 28 projetos do paisagista perderam os seus traços originais

Prefeitura diz que até final do ano fará serviços para revitalizar parque que fica no aterro do Flamengo

Lucas Vettorazzo

Das 28 obras do paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994) que deveriam ser mantidas por instituições públicas no Rio, pelo menos dez estão degradadas ou mal conservadas segundo levantamento feito pela Folha.

Três nem existem mais: o paisagismo do estacionamento do Maracanã, da área externa do Tribunal de Justiça e do Conjunto Habitacional do Pedregulho, prédio modernista na zona norte.

As duas obras mais degradadas são a praça Senador Salgado Filho, em frente ao aeroporto Santos Dumont, e o paisagismo do Instituto de Puericultura e Pediatria da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), na Ilha do Fundão. Ambas são tombadas pelo município e a praça, também pelo Estado.

Na praça Senador Salgado Filho, o lago antes habitado por carpas cor de laranja está vazio há pelo menos dois anos. O gramado tem falhas, árvores e arbustos carecem de poda e lâmpadas que deveriam destacar plantas e monumentos estão quebradas.

A praça foi o primeiro projeto de jardim público do paisagista no Rio. Ela se integra ao projeto do parque que fica no aterro do Flamengo, concluído em 1965.

De acordo com o escritório Burle Marx e Companhia, que cuida dos projetos do paisagista, desde 2000 não é feita manutenção completa no local, com controle de pragas e replantio de espécies.

Segundo Isabela Ono, arquiteta associada ao escritório, o parque recebe apenas podas eventuais no gramado e ainda costuma ser usado por blocos no carnaval e em corridas de rua, o que desgasta ainda mais o jardim.

Já o paisagismo do Instituto de Puericultura e Pediatria, hospital pediátrico da UFRJ inaugurado em 1953, está totalmente descaracterizado. Dos jardins em formato ondular nas laterais do prédio e em seu pátio interno restaram só os contornos.

As áreas onde existiam gramados em duas tonalidades agora são usadas como estacionamento. No projeto original havia diversas palmeiras que hoje convivem com mangueiras e árvores de outras espécies, plantadas nos últimos 50 anos.

A degradação não é de hoje. A Linha Vermelha, via expressa que liga a zona norte ao centro, inaugurada há duas décadas, passou por cima de uma parte do jardim que ficava na entrada do prédio. O BRT Transbrasil, via paralela à Linha Vemelha, comerá o restante do canteiro.

OUTRO LADO

O Instituto Estadual do Patrimônio Cultural, que tombou a praça Senador Salgado Filho em 1990, disse que fez uma fiscalização em fevereiro e está pedindo à Prefeitura a recuperação do local.

A Secretaria Municipal de Conservação afirmou que desde o ano passado realiza serviços de revitalização do parque do Flamengo. Os trabalhos, previstos para ocorrer até o final do ano, incluem o plantio de 11.000 metros quadrados de grama.

A administração do Instituto de Puericultura e Pediatria disse que está em estudo a recuperação dos jardins que ficavam entorno do prédio.

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