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Em busca da vitalidade urbana

Espera-se que as áreas vizinhas aos trajetos do BRT recebam o tratamento adequado para assegurar a renovação dos respectivos bairros

Luiz Fernando Janot

Deixando de lado a triste derrota da seleção não há como negar que a Copa do Mundo tenha alcançado um sucesso extraordinário. O caos que vinha sendo imaginado acabou não acontecendo. Mal ou bem, os aeroportos, os transportes coletivos e a segurança pública deram conta do recado satisfatoriamente.

Mas isso é passado. O objetivo agora é avaliar os erros e acertos com vistas às Olimpíadas de 2016. Nesse aspecto, há que se considerar que, ao contrário da Copa, esse megaevento será realizado exclusivamente no Rio e durante 20 dias. Nesse período deverão circular pela cidade cerca de 12.500 atletas além dos árbitros, dos dirigentes, das centenas de profissionais da imprensa e da imensa massa de turistas que se espalhará pelas ruas da cidade em busca de diversão. Desta vez, não se poderá recorrer aos feriados extraordinários e todo esse movimento deverá ocorrer simultaneamente com o dia a dia da população.

Outro aspecto a ser considerado é o fato de que a maioria das instalações olímpicas se encontra na Barra da Tijuca e que também haverá competições em outros bairros — Deodoro, Engenho de Dentro, Maracanã, Glória, Lagoa, Copacabana e Centro —, o que amplia bastante a complexidade do planejamento dos sistemas de transporte para atender à grande demanda nesse período. Os esforços para suprir essas necessidades têm provocado grandes transtornos para a população. Polêmicas à parte, o sacrifício será recompensado quando os sistemas integrados de transporte coletivo — BRT, ônibus, trem e metrô — estiverem operando regularmente.

Do ponto de vista da qualidade dos espaços urbanos, espera-se que as áreas vizinhas aos trajetos do BRT recebam o tratamento adequado para assegurar a renovação urbana dos respectivos bairros. Espera-se, também, que os aspectos econômicos não prevaleçam sobre os demais condicionantes urbanísticos. O modelo de conceder a empresas privadas a tarefa de planejar a renovação de grandes áreas urbanas não passa de uma forma de o poder público abrir mão do seu dever de decidir sobre o futuro da cidade. Essa postura acaba impedindo a participação efetiva da prefeitura no desenvolvimento dos projetos.

No caso da reurbanização da região portuária, a viabilidade econômica do empreendimento foi priorizada através da emissão dos Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) associada à construção de grandes torres empresariais. Do ponto de vista comercial e urbanístico, essa opção está fadada ao insucesso diante do modesto índice de desenvolvimento econômico mundial divulgado recentemente. Essa realidade indica que não haverá demanda suficiente para absorver, no curto prazo, a oferta exagerada de unidades comerciais. A não ser que essa ocupação seja feita através do esvaziamento induzido dos prédios existentes no Centro da cidade, o que seria lamentável.

A forma de corrigir esse planejamento equivocado levou a prefeitura a conceder, recentemente, uma série de benesses pecuniárias aos incorporadores imobiliários, visando a atraí-los para a construção de empreendimentos habitacionais na região portuária, como tentativa para reverter o fracasso do modelo adotado. Entre os benefícios oferecidos encontram-se o perdão das dívidas do IPTU e da Taxa de Lixo, a dispensa de pagamento do ISS e do ITBI nas transações imobiliárias e a isenção de impostos durante todo o período de realização das obras. Em suma, mais uma vez, o Erário público está a subsidiar empreendimentos particulares mal planejados.

Na verdade, nada disso seria necessário se o projeto urbanístico fosse concebido incorporando uma variedade diversificada de usos e um número expressivo de edifícios residenciais. A vitalidade urbana daquela região só será alcançada se existirem pessoas residindo no local e assegurando o movimento permanente a qualquer hora do dia e da noite. Espera-se que essa solução alternativa possa corrigir os rumos planejados.

Luiz Fernando Janot é arquiteto e urbanista

Rio concorre com Paris e Melbourne chance de sediar evento internacional de arquitetura

Congresso, que acontece de três em três anos, será realizado em 2020. É a primeira vez que o Brasil se candidata

Rodrigo Bertolucci

Com o tema “Todos os mundos. Um só mundo. Arquitetura 21”, o Rio está na disputa para ser a cidade-sede do XXVII Congresso da União Internacional dos Arquitetos (UIA), em 2020, considerado o maior encontro de arquitetura do mundo. A cidade concorre com Paris, na França, e Melbourne, na Austrália. À frente da campanha, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) defenderá a candidatura na próxima assembleia geral da União Internacional dos Arquitetos, que acontece após a edição de 2014 do congresso, a ser realizada do dia 3 a 7 de agosto, em Durban, na África do Sul.

O evento acontece de três em três anos, e a última edição, em 2011, foi na cidade de Tóquio, no Japão. Em 2017, o XXVI congresso acontecerá em Seul, na Coreia do Sul.

O presidente nacional do IAB, Sérgio Magalhães, que apresentou a candidatura no início do ano, em Istambul, na Turquia, diz que o encontro mundial tem seis anos de preparação:

— É um período importante para a reflexão e o debate das cidades brasileiras sobre a sua própria arquitetura e seus espaços urbanos. Isso nos faz desejar o congresso aqui, no nosso país — comenta Magalhães, acrescentando que um conjunto de eventos estará articulado na proposta como, por exemplo, o Congresso Brasileiro de Arquitetura, em 2017.

AMÉRICA LATINA SEDIOU EVENTO EM 1978

É a primeira vez que o Brasil se candidata a ser sede desse evento. Caso o país vença, o congresso será realizado na América Latina após um jejum de 42 anos — o último foi em 1978, no México.

— Um evento desse nível movimenta mais um debate que é necessário para o Brasil, que sofre com problemas de habitação, saneamento e prestação de serviços públicos. Precisamos discutir essas políticas. Temos 85% da população na área urbana, e um congresso desse tipo vem para melhorar as cidades e a sua arquitetura — afirma o presidente nacional do IAB, garantindo que o Rio está preparado para ser cidade-sede do maior maior congresso de arquitetura do mundo.

Conforme Magalhães, o Brasil e o Rio têm diversos atrativos conhecidos no exterior, o que favorece a cidade. Além disso, trata-se de um país emergente.

— Temos uma candidatura forte. As três Américas estão unidas em torno do Brasil, além de diversos outros países. Estamos vivendo um momento importante, com prestígio, devido à realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas de 2016. Mas nunca sediamos um congresso mundial de arquitetura. Está mais do que na hora — afirma ele.

O Brasil é fundador da União Internacional de Arquitetos, vinculada à Unesco. Magalhães enfatiza que o Rio apresenta um quadro urbano rico e complexo:

— Temos contrastes, possibilidades, desigualdades e acertos, representativos de cidades do continente americano e do mundo emergente, que se urbanizam rapidamente no século XXI.

Rio se reinventa na Barra

Eixo natural de expansão da cidade, bairro é o mais beneficiado pelos jogos de 2016

Pequeno pedaço do Sudeste, com área pouco maior que a Dinamarca, o Rio de Janeiro investe em novas centralidades, particularmente na capital, a segunda mais populosa do Brasil, para abrigar quase 12 milhões de pessoas que vivem na região metropolitana. O Rio vem se reinventando nos últimos anos e começa a consolidar, na Barra, eixo natural de expansão da cidade, uma nova centralidade, prevista pelo arquiteto e urbanista Lúcio Costa há 40 anos, para além dos espaços já ocupados da região.

Batizada na ocasião como Centro Metropolitano, ela concretiza um ideal urbanístico que reúne o tripé mo radia, trabalho e lazer, em uma área de quatro milhões de m quase o quádruplo do tamanho do Leblon — localizada entre a Avenida Abelardo Bueno e a Estrada dos Bandeirantes.

Quem já escolheu morar por lá não tem corno se queixar de falta de infraestrutura de lazer, transporte público, abastecimento de água ou saneamento, áreas que vêm recebendo fortes investimentos, impulsionados, em boa medida, pela realização dos jogos Olímpicos de 2016.

Aliás, como parte das obrigações do Caderno de Encargos das Olimpíadas, começaram, em junho, os trabalhos de recuperação das lagoas da região da Barra, que, além de incluir a construção de urna Ilha-Parque Ecológica, vão introduzir na cidade o transporte lagunar, beneficiando os moradores com uma via alternativa de deslocamento e impulsionando o turismo. Trata-se da região do Rio que mais vem recebendo intervenções, dando novas feições à cidade.

A Barra da Tijuca tem se beneficiado dessas melhorias — baseadas em conceitos sustentáveis e já registra um movimento de migração de moradores de outros bairros, particularmente da Zona Sul, revela o urbanista e professor Carlos Eduardo Nunes-Ferreira. Ele mesmo saiu de Ipanema em direção ao novo endereço. “A Barra oferece um tipo dec habitação que o carioca não encontra mais em quantidade na Zona Sul”, assinala. Sinal evidente das mudanças é o entusiasmo dos moradores: muitos deles já começam a deixar seus carros em casa, satisfeitos com a economia de tempo conquistada pelo uso dos BRTs.

OMS lança concurso internacional para o projeto de ampliação de sua sede na Suíça

Propostas deverão modernizar e ampliar a área útil dos edifícios existentes em Genebra

 

Estão abertas até o dia 19 de setembro as inscrições para o concurso internacional para o projeto de ampliação da sede da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Genebra, na Suíça. O complexo possui dez edifícios dispostos em uma área de 100 mil m².

O edifício principal, inaugurado em 1966, abriga cerca de mil funcionários da organização. O novo projeto deverá incluir a modernização dos edifícios e a ampliação da área útil.

Ao todo, a organização do concurso distribuirá 320 mil francos suíços em prêmios e indenizações. Na segunda etapa do concurso, quando serão selecionados os finalistas, cada um receberá 12 mil francos suíços.

O edital está disponível, em inglês, no site do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).

CAU/RJ, Ministério Público e Núcleo Pró-acesso da UFRJ discutem acessibilidade no espaço urbano em seminário gratuito

Preparação para Jogos Olímpicos e Paraolímpicos será o foco do debate entre profissionais da Arquitetura e Direito

A acessibilidade em ambientes urbanos e o conceito de Desenho Universal serão discutidos por profissionais de diversas áreas em evento no dia 15 de agosto, na sede do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). No seminário “Rio Cidade Acessível a Todos”, arquitetos e urbanistas, promotores e representantes do poder público e entidades da sociedade civil analisam o tema, com foco na preparação para as Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016.

“Pensar o desenho urbano das Cidades sob a premissa da acessibilidade universal é fundamental para democratizarmos os espaços públicos e privados”, avalia Sydnei Menezes, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ).

O seminário é promovido pelo CAU/RJ em parceria com o MPRJ, através do Centro de Apoio Operacional (CAO) das Promotorias de Proteção ao Idoso e à Pessoa com Deficiência, e também pelo Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Comdef-Rio) e o Núcleo Pró Acesso da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ.

Arquitetos e urbanistas, profissionais com formação jurídica e representantes do poder público vão discutir a aplicação da acessibilidade e do Desenho Universal e sua relação com as normas técnicas, as políticas públicas e projetos de arquitetura e urbanismo.

“Esta aproximação é importante num tema em que é fundamental o conhecimento nas duas áreas técnicas, que se complementam. Em dois anos sediaremos um grande evento esportivo envolvendo as pessoas com deficiência, destaca o promotor Rafael Luiz Lemos de Sousa, subcoordenador do CAO do Idoso e da Pessoa com Deficiência.

Na ocasião, também haverá o lançamento de dois livros. O jornalista Andrei Bastos, queparticipará da abertura, é o autor de “Assimétricos – Textos militantes de uma pessoa com deficiência”. A arquiteta e urbanista Regina Cohen, também palestrante do seminário, lançará o livro “Metodologia para Diagnóstico de Acessibilidade em Centros Urbanos: Análise da Área Central da Cidade do Rio de Janeiro”.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo e-mail ceaf.eventos@mprj.mp.br.

Confira a programação completa:

 

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