Preço médio de imóveis em Nova York se aproxima do pico pré-crise de 2008

Na cidade americana, como no Rio, comprar o imóvel dos sonhos é difícil até para quem tem um milhão na conta

Apartamento de um quarto em prédio com serviços a apenas um quarteirão do Museu Guggenheim: US$ 975 mil, ou R$ 2,17 milhões Emily Andrews/ New York Time

NOVA YORK. Ter um milhão, de dólares ou reais, na conta, definitivamente não é para qualquer um. Mas, nem por isso, é fácil a vida de quem tem esse dinheiro disponível. Em especial, se o dono da bolada estiver procurando por um apartamento. Se for carioca e quiser um imóvel na Zona Sul da cidade, até vai encontrar. Mas apenas em alguns bairros. Três quartos, por exemplo, só, com muito custo, em Botafogo, Flamengo e Laranjeiras. Se a busca for por um dois-quartos, o comprador pode ter mais sorte, mas provavelmente vai ver alguns imóveis em péssimo estado.

Agora, se o comprador em questão estiver em Nova York, e seu milhão for verdinho, sua busca também tende a ser longa, embora, por lá, os apartamentos de US$ 1 milhão, ou menos, ainda sejam a maioria dos imóveis disponíveis para venda: cerca de 52%. Mas esse número vem diminuindo significativamente. Um ano atrás, eles eram 60% do total. E há dez, 71%.

Uma das muitas nova-iorquinas em busca de um novo lar, a escritora Patricia Marx vem penando para encontrar o seu novo canto. Mesmo tendo cerca de US$ 1 milhão (R$ 2,25 milhões) disponível em sua conta. Como contou ao jornal New York Times (NYT), a escritora e o marido começaram procurando um dois-quartos, com dois banheiros em Manhattan, mas o casal logo se deu conta que suas opções eram bastante limitadas.

Primeiro, os dois encontraram um apartamento num prédio charmoso com cinco andares, sem elevador — o que é bastante comum em Nova York —, em Gramercy, região central de Manhattan. Mas, para chegar ao segundo quarto, era preciso praticamente escalar uma escadaria.

“Era perfeito para alguém que quisesse se esconder. Ou não pretendesse sair de casa”, contou ela ao NYT.

Depois, o casal encontrou um imóvel até chique, de apenas um quarto, na região de Flatiron District, mas ele foi vendido antes que eles conseguissem vê-lo pessoalmente.

Tanto lá, como aqui, o que faz essa busca tão complicada são basicamente dois motivos: preços em alta e escassez de ofertas. No primeiro trimestre do ano, um levantamento feito pela imobiliária Douglas Elliman mostrou que o preço médio de venda em Manhattan chegou a US$ 972.428 (R$ 2,18 milhões), 18,5% a mais que no mesmo período do ano passado, e apenas 5% abaixo do pico de US$ 1,02 milhão (R$ 2,27 milhões) atingido no segundo trimestre de 2008. Ou seja, meses antes da crise econômica global. Aquela foi a única vez que o preço médio na cidade ultrapassou a barreira do milhão.

Por aqui, o índice FipeZap, que acompanha os preços por metro quadrado na cidade, mostra que o preço médio do metro quadrado em março ficou em R$ 10.468, na cidade — o que significa que um apartamento de 100 metros quadrados custa em torno de R$ 1,04 milhão. Nos bairros da Zona Sul, contudo, esse valor é ainda maior. No Leblon, o mais caro do país entre os pesquisados pelo índice, o metro quadrado chegou a R$ 22.116.

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