Opinião: “Acesso ao porto também merece plano viário”

Opinião

Acesso ao porto também merece plano viário

O programa de revitalização da zona portuária do Rio, batizado de Porto Maravilha, vai se tornando cada vez mais visível para a população à medida que as obras avançam e os primeiros trechos de novos eixos viários começam a ficar prontos. Mas, na parte interna do porto e em áreas vizinhas, de circulação restrita, também estão em andamento investimentos relevantes que aumentarão consideravelmente a capacidade de movimentação de cargas e a contribuição econômica da atividade portuária para a cidade e o estado.

O porto do Rio é hoje um dos mais importantes na exportação e importação de veículos. Mais de 50% de seu movimento se destinam a outros estados, especialmente Minas Gerais. Os dois terminais de contêineres e outros tipos de carga geral estão sendo ampliados para receber navios gigantes. Equipamentos modernos se somarão aos já existentes, com o objetivo de agilizar embarques, desembarques e desembaraços.

Por ser o local de águas abrigadas mais próximo da região que concentra os principais blocos de exploração e produção de petróleo na Bacia de Santos, o porto do Rio foi escolhido para ser o maior terminal de atracação de embarcações de apoio às plataformas e sondas de perfuração. Já há um movimento crescente dessas embarcações, mesmo sem terem sido realizadas as obras de ampliação do cais previstas.

Vizinhos ao porto do Rio, estão em plena atividade estaleiros (somente o Inhaúma, que converte, para a Petrobras cascos de petroleiros que servirão de base para futuras plataformas, empregará diretamente mais de cinco mil pessoas) e terminais privados de apoio à indústria do petróleo. O acesso a essa área mais movimentada, feito por portões no Caju, não foi contemplado pelo programa Porto Maravilha, uma parceria público-privada da prefeitura, que conta com boa vontade do governo federal e do estadual, o que é fundamental, porque muitos dos terrenos cedidos ou negociados para a revitalização são de propriedade da União.

A companhia (Docas do Rio de Janeiro) que tem a responsabilidade de zelar pelo patrimônio do porto também é federal. Para que o acesso ao porto, hoje já confuso, não se torne caótico, com reflexo negativo sobre a parte que está sendo revitalizada urbanisticamente, é preciso que seja posto em prática o plano que redefine o sistema viário da região do Caju: a abertura de ruas e construção de alças de viadutos para facilitar a chegada e a saída de caminhões, e mesmo de linhas regulares de ônibus. Isso envolve uma concessão federal (Ponte Rio-Niterói) e o equacionamento financeiro das obras.

Pela importância econômica do porto, trata-se de uma questão que merece prioridade. Quanto mais o tempo passa, mais difícil será a solução.

Origem: O Globo - 05/10/2013