Ganhador do Prêmio Nobel de Economia, Robert Shiller já fez alerta de bolha imobiliária no Brasil

Valores no Rio de Janeiro subiram 227,5% nos últimos cinco anos. Em São Paulo, alta foi de 184,7% no período

Bruno Villas Boas

Um dos vencedores do Prêmio Nobel de Economia de 2013, o economista americano Robert J. Shiller alertou, no fim de agosto deste ano, para a possibilidade de uma bolha no mercado imobiliário brasileiro. O professor de finanças comportamentais da Universidade de Yale disse que um dos principais sinais era o fato de os preços dos imóveis no Rio e em São Paulo terem dobrado em cinco anos.

— Algo não está correto nisso. O que pode ter acontecido para justificar uma variação tão grande de preços? — disse Shiller, numa palestra na cidade de Campos do Jordão (SP). — Não tenho prova objetiva de que há uma bolha aqui, mas existe indicação de que algo acontece. De fato, não sei se há bolha no Brasil, mas suspeito que sim.

O comentário chamou a atenção dos presentes ao evento, já que Shiller previu a bolha imobiliária dos subprimes nos EUA em 2005, evento que provocaria a crise financeira internacional três anos depois.

Segundo dados da Fipe, o preços dos imóveis residenciais no Rio subiram 227,5% desde de janeiro de 2008, início da série histórica. Em São Paulo, houve valorização de 184,7% no mesmo período.

Em setembro, a consultoria Capital Economies, com sede em Londres, divulgou relatório alertando que os preços de residências no Brasil podem estar sobrevalorizados de 30% a 50%.

Nem todos concordam. O presidente da Secovi-Rio, Leonardo Schneider, afirma que a alta de preços do mercado imobiliário brasileiro tem diferenças em relação ao mercado americano, como o déficit habitacional brasileiro (que estaria em tomo de 6 milhões de moradias) e o acesso ao crédito.

— Existe demanda consistente por imóveis. E, no Rio, a Zona Sul simplesmente não tem mais onde construir, continuará sendo fonte de desejo de todos. As pessoas vão continuar optando pela áreas mais desejadas, acontecendo um efeito cascata com as demais regiões na valorização de preços,

Para Eduardo Zylberstajn, economista da Fipe, é difícil avaliar se há uma bolha no mercado, mas pode ser um problema local.

— Pode ter exageros em algumas cidades, bairros do Rio de Janeiro e de São Paulo. É uma avaliação que pode não valer para o país inteiro.

Origem: O Globo, 15/10/2013