Alphaville vai privilegiar margens

Chiara Quintão

Embora haja no mercado informações de que os novos acionistas de Alphaville Urbanismo – as gestoras de privateequity Pátria Investimentos e Blackstone Real EstateAdvisor – tenham a intenção de imprimir um crescimento mais acelerado à empresa, o presidente da loteadora, Marcelo Willer, afirma que a diretriz de expansão moderada, com privilégio das margens, continua mantida. “Os novos acionistas estão completamente afinados com este caminho. A Blackstone vê valor muito mais na qualidade da margem do que no tamanho da empresa”, diz Willer.

Não há meta oficial de lançamentos para 2014, mas o patamar deve ser da ordem de 10% em relação ao R$ 1,46 bilhão realizado no ano passado. “Queremos fazer lançamentos somente onde a demanda está muito boa. Nem sempre aprovações e terrenos estão nos mesmos locais da demanda”, afirma o executivo.

No momento, Alphaville decide os detalhes do cronograma para submeter seus projetos à aprovação por parte dos órgãos reguladores. A loteadora está se empenhando para obter todas as licenças ambientais concedidas por órgãos estaduais até julho, segundo Willer, para evitar atrasos no cronograma decorrentes de este ser um ano de eleições. A empresa define também opções de projetos àqueles em que há risco de as licenças não saírem nos prazos esperados.

Dependendo do Valor Geral de Vendas (VGV) dos projetos aprovados, pode haver variação de cinco pontos percentuais para cima ou para baixo nos lançamentos em relação à estimativa preliminar de cerca de 10% de crescimento neste ano, de acordo com o executivo.

Nos três últimos meses do ano passado, a empresa lançou R$ 851,73 milhões, o correspondente a 58% do total do ano. A concentração deveu-se, segundo Willer, a prazos mais longos que os esperados para a obtenção de licenças e resultou no aumento dos estoques. Alphaville encerrou o quarto trimestre com estoques de R$ 1,26 bilhões, 19,6% superior ao do quarto trimestre.

O executivo afirma que a empresa monitora, permanentemente, seus estoques, dos quais 60% se referem a unidades em construção. Neste mês, Alphaville centrou suas atenções na venda de unidades estocadas e registrou o melhor janeiro de sua história. O primeiro lançamento de 2014 ocorrerá em fevereiro, em João Pessoa, com VGV de R$ 93 milhões.

Do total de lançamentos da empresa, cerca de 65% de projetos terá a marca Alphaville (destinada às classes A e B+) e 35%, a marca Terras Alphaville (para compradores das faixas de renda B e B-). A atuação no segmento econômico, prevista, inicialmente, para o segundo semestre do ano passado foi postergada para 2014, em função da já prevista mudança de controle de Alphaville. Conforme o presidente da loteadora, a expansão esperada para este ano não leva em conta os lançamentos econômicos.

Até agora, a desaceleração no ritmo de crescimento da economia brasileira não afetou as vendas das unidades de Alphaville, de acordo com o executivo.

Desde que os novos donos assumiram Alphaville em dezembro, começou o processo de separação do backoffice (contas a pagar e a receber, contabilidade e controladoria) da empresa dos serviços da Gafisa, que controlava a loteadora até então. O processo de montagem dessa central de serviços é liderado por Guilherme Puppi, diretor financeiro e de relações com investidores da loteadora. A empresa deu início à contratação de 100 pessoas e alugou mais um andar do prédio de grandes lajes corporativas em que está situada, na zona Sul de São Paulo. Até que a reforma do novo andar seja concluída, Alphaville pagará à Gafisa, que possui 30% da loteadora, pela prestação dos serviços de backoffice.

Futuramente, o capital de Alphaville poderá ser aberto, mas não há “nada no horizonte”, de acordo com Willer. “Os acionistas não têm pressa em desinvestir na empresa”, diz o executivo.

Origem: Valor Econômico, 30/01/2014

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