Habitação: Sem crise com água de reuso

Condomínios apostam em alternativas para economizar recurso e diminuir taxas pela metade. Lei em Niterói obriga o incentivodo reutilização das águas cinzas.

Antonio Domingues conta que o condomínio Buena Vista economiza cerca de R$ 4 mil por mês com o reúso. Foto: Lucas Benevides

Em tempos de crise por falta de água no país e com reservatórios batendo recordes de níveis baixos, é cada vez mais importante que a utilização desse recurso seja feita de maneira sustentável. Além da questão ambiental, o uso inteligente da água pode reduzir algumas taxas pela metade e gerar economia para o consumidor. Em Niterói, uma lei de 2011, que obriga condomínios a reutilizarem água, pode servir de exemplo para o resto do país.

Idealizado para economizar água, o condomínio Buena Vista, em Santa Rosa, é um exemplo de utilização inteligente do recurso hídrico. Para limpeza, irrigação de jardins e nos vasos sanitários dos apartamentos, o prédio utiliza a chamada água de reúso ou água cinza, proveniente das chuvas, lavatórios, pias e máquinas de lavar. Além da questão ambiental, a tecnologia também representa uma economia de até 40% na conta de água do condomínio, o que se reflete em taxas mais baratas para os moradores.

“Temos 87 unidades e aproximadamente 300 moradores. Atualmente, nossa conta de água fica em torno de R$ 4 mil. Para se ter uma ideia da economia, um condomínio vizinho ao nosso, que tem mais ou menos o mesmo tamanho, paga em torno de R$ 8,5 mil”, explica Antonio Domingues, conselheiro fiscal do condomínio.

A estrutura de reúso de água do Buena Vista utiliza cilindros e uma caixa coletora, deixando a água apropriada para uso em limpezas. O reúso tem uma rede própria paralela à rede de abastecimento tradicional e, em todos os andares do prédio, existe uma torneira com essa água para ser usada na limpeza.

 

“Vale ressaltar que essa infraestrutura deve ser feita na construção do prédio, sendo inviável depois de pronto”, destaca Domingues.

Em Icaraí, o condomínio Diamond Residence, que será entregue a partir de julho, também já está equipado com estruturas com hidrômetro individual e reúso de águas cinzas. Segundo Julio Kezem, diretor superintendente da Soter Engenharia, os investimentos em economia de água não representam imóveis mais caros.

“As crises são grandes catalisadoras de mudanças. Nesse momento, a tendência é que as demais cidades sigam aquilo que já é regra em Niterói. Nosso empreendimento utiliza materiais que tornam o seu uso mais eficiente, como aeradores nas torneiras das cozinhas e banheiros, que diminuem o consumo de água. O Diamond Residence está sendo construído na Rua Mem de Sá e tem peços entre R$ 1,1 milhão e R$ 1,7 milhão”, destaca.

De acordo com Marcio Cruz, da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura do Rio, o investimento em novas estruturas pode fazer uma grande diferença.

“Estima-se que o desperdício por vazamentos e falhas no sistema chega a 40% do que é distribuído à população. Isto por si só já cobriria o racionamento anunciado de 30% do volume. Porém, a maior economia está no uso consciente da água de cada um”, destaca.

O Fluminense

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