Criada pelos índios, rede dá espaço para quem quer sentar, deitar e rolar

Ystatille Freitas – O Globo

Feitas de cipó e trepadeiras pelas tribos indígenas da América do Sul, as redes começaram a sua história no Brasil colônia, como meio de transporte dos portugueses e suporte para enterrar os mortos. Mas as mulheres dos colonos resolveram adaptar a técnica às suas varandas, usando o algodão como matéria-prima e as franjas como enfeite. E assim, as redes caíram no gosto da casa brasileira, seja para embalar o sono, as conversas ou os namoros. Apesar de, hoje, ser mais popular no Nordeste, esta arte da tecelagem pode ser adquirida em alguns lugares do Rio ou pela internet.

O arquiteto Ivo Mareines buscou, na cidade de Paraty e no bairro carioca de São Cristóvão, peças perfeitas para a criação de um redário na Casa Folha, em Angra dos Reis, projeto inspirado na tribo Kamaiurá, do Alto Xingu.

— Temos o clima certo para redes, no Rio, mas é difícil encontrá-las por aqui. São peças que podem dar cara brasileira a lounges, e os preços são bem em conta — diz Mareines, que é diretor de Marketing da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA/RJ).

Na Feira de São Cristóvão, há quatro barracas dedicadas à venda de redes. Uma delas é a do paraibano Homero. As peças vêm da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará, com preços que, de acordo com a qualidade, variam de R$ 45 a R$ 125 (medida para solteiros) e de R$ 60 a R$ 140 (para casal). O feirante explica que as melhores são aquelas que vêm com cordão torcido, pois são mais resistentes e duradouras.

Quem quiser, também pode adquirir a peça pela internet. Na Paraíba, a empresa Santa Luzia tem uma lojinha virtual, com opções de redes tradicionais que saem por valores de R$ 37 a R$ 461. Já no Ceará, a loja Denaná vende, através de seu site, redes de algodão neutras e multicoloridas, feitas em teares automáticos. Há modelos moderninhos e clássicos, entre R$ 45 e R$ 49 (solteiro), R$ 95 e R$ 176 (solteirão) e R$ 136 e R$ 283 (casal). O acabamento, no entanto, é feito por artesãos, explica o gerente da loja, Rodrigo Goyanna:

— Nessa hora, máquina alguma substitui a agilidade de mãos treinadas.

Designers contemporâneos também se renderam aos encantos das redes. A poltrona Regg (R$ 7.412), uma síntese da Egg, de Charles Eames, com a técnica indígena, é um ousado exemplo disso. Já o arquiteto e designer Maurício Arruda criou uma base metálica para prender a peça no formato de assento, por R$ 923,23. Ou seja: tem rede para quem quiser sentar, deitar e rolar.