BR Properties vê 2014 como ano “duro” com alta de oferta em SP

Marcela Ayres

O presidente da empresa de imóveis comerciais BR Properties, Claudio Bruni, acredita que 2014 será um ano difícil em função do aumento da oferta de empreendimentos e lentidão da economia, mas avalia que haverá absorção de estoque até meados de 2015, quando a situação começará a ser normalizada.

Em teleconferência com analistas nesta terça-feira, Bruni previu a construção de menos imóveis comerciais na cidade de São Paulo, principal mercado para a empresa, depois das mudanças introduzidas pelo novo código de zoneamento, cujo projeto de lei está na Câmara Municipal.

“Vemos mercado bastante positivo a partir de 2015, 2016 … com oferta menor e incremento significativo dos valores de locação”, disse o executivo.

Ele reconheceu que as companhias estão demorando mais tempo para alugar espaços buscando “ter uma visão mais clara do que acontece na economia como um todo”. No entanto, a expectativa da BR Properties é de diminuir suas taxas de vacância já no primeiro trimestre deste ano.

Na véspera, a companhia divulgou prejuízo líquido de 149,1 milhões de reais entre outubro e dezembro, ante lucro de 172 milhões um ano antes, afetada por ajuste contábil pela venda de galpões à WTGoodman, além de maiores despesas financeiras.

Apesar de ter reduzido a vacância financeira, que mede o percentual de receita mensal perdida devido à vacância de imóveis, para 8,6 por cento, contra 10,5 no trimestre anterior, o percentual ainda ficou longe do patamar de 4 por cento registrado em igual período de 2012.

Segundo o diretor financeiro e de Relações com Investidores da BR Properties, Pedro Daltro, janeiro e fevereiro serão meses bons em termos de locação para as Torres JK, empreendimento-chave para a companhia e que apresentava vacância física de 81 por cento no fim de 2013.

Durante o primeiro trimestre, a expectativa também é de redução na vacância no edifício Manchete, no Rio de Janeiro, disse Daltro. A taxa de vacância do empreendimento de alto padrão era de 32 por cento em dezembro.

Ele acrescentou que a companhia já executou cerca de 75 por cento do seu programa de recompra de ações até dezembro, equivalente a 225 milhões de reais, enxergando espaço para incrementá-lo.

O programa havia sido aprovado pela companhia no início de novembro, prevendo a recompra de até 5,5 por cento do total de ações em circulação da companhia até 8 de maio.

REAÇÃO DO MERCADO

Depois das perspectivas de melhorias apontadas na teleconferência, as ações da BR Properties diminuíram a queda em relação ao início do pregão, quando chegaram a recuar 2,79 por cento diante da avaliação de analistas de que o cenário para o mercado de imóveis comerciais continuaria ruim em 2014.

Às 13h12, as ações perdiam 1,43 por cento, a 16,56 reais, com o Ibovespa mostrando variação negativa de 0,07 por cento no mesmo momento.

Mais cedo, o Credit Suisse chamou a atenção para a desaceleração dos chamados leasing spreads da BR Properties pelo segundo trimestre consecutivo, em relatório assinado pela equipe da analista Nicole Hirakawa.

A linha, que reflete o ganho real com renovações ou revisões de contratos e novas locações de áreas vagas, teve avanço de 1,3 por cento no período, contra alta de 31,9 por cento em igual etapa de 2012.

Durante a teleconferência, o diretor financeiro da BR Properties sustentou que a diminuição do ritmo já era prevista, sendo que o resultado anual, de aumento de 3 por cento nos leasing spreads, ficou dentro da faixa esperada pela administração de estabilidade a crescimento de 5 por cento no ano.

“Acho que vai ser a mesma coisa para os próximos 12 a 24 meses”, disse Daltro, em referência ao intervalo mencionado para o crescimento dos leasing spreads.

Na avaliação do Credit Suisse, a baixa contábil adicional de 29 milhões de reais na avaliação do portfólio da BR Properties no último trimestre, num ajuste à parte do calculado para a venda de seus ativos industriais e logísticos, também foi vista como outro sinal de que “a ciclicidade deve ficar contra o mercado de escritórios de São Paulo até 2015”.

“Mesmo com a possibilidade do considerável pagamento de dividendos esperado para o primeiro semestre de 2014 compensar esta tendência por enquanto, não estamos muito otimistas com o futuro”, disse o banco, em relatório.

Apesar de concordar que a performance de curto prazo da companhia continuará sendo dirigida pelos riscos de excesso de oferta em São Paulo e pela locação das Torres JK, o Bank of America Merrill Lynch manteve a recomendação de compra para ação, “com base no seu atrativo valor”, disse o time liderado pelo analista Guilherme Vilazante.

Nos últimos 12 meses até a véspera, a ação da BR Properties caiu 30,75 por cento, contra recuo de 17,83 por cento do Ibovespa.

Origem: Jornal do Commercio, 19/02/2014

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